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Ashton Kutcher encarna glória e defeitos de Steve Jobs em cinebiografia

Piya Sinha-Roy

Los Angeles

15/08/2013 10h32

Ashton Kutcher pode ser mais conhecido por seus papéis cômicos em séries de TV como "That '70s Show" e "Two and a Half Men", mas em "Jobs" ele assume um raro tom dramático para encarnar o visionário Steve Jobs, cofundador da Apple.

Kutcher, de 35 anos, tem forte semelhança física com o jovem Jobs - o que inclui cabelos ondulados, olhos castanhos e barba cerrada. Ele disse à Reuters que, como fã do trabalho de Jobs, ficou surpreso ao conhecer detalhes sobre a vida do empreendedor, que morreu em 2011, aos 56 anos, vítima de um câncer no pâncreas.

"Quando li o roteiro, Steve era um cara que eu realmente admirava, e ele nem sempre era mostrado sob a melhor luz, e fiquei um pouco surpreso. Realmente, admiro quem ele é e o que ele fez. Quero de certa forma proteger o legado de um cara que eu admiro", disse Kutcher.

"Também tive o desafio de interpretar um cara que ainda está muito no espírito da nossa época... eu tinha de interpretar o cara que se tornou o cara de quem todos se lembram", acrescentou.

"Jobs", dirigido por Joshua Michael Stern, estreia na sexta-feira (16) nos cinemas dos EUA. O filme narra 30 anos definidores na vida de Jobs, que revolucionou a informática ao lançar o computador Macintosh e redefiniu a forma como as pessoas escutam música, com o iPod.


Cofundador da Apple, Steve Wozniak criticou a forma como Jobs é retratado em alguns momentos do filme. "Steve nunca criou um grande equipamento. Naquela época, sofria um fracasso atrás do outro. Era incrivelmente visionário, mas não tinha a capacidade de levar para a prática o que imaginava. Ficaria surpreso se o filme retratasse a realidade", afirmou ao "Los Angeles Times"

A narrativa começa em 1973, quando Jobs largou a faculdade, três anos antes de criar a Apple em sociedade com Steve Wozniak. Além de mostrar o crescimento da empresa, o filme também aborda aspectos da vida pessoal de Jobs, como seu conturbado relacionamento com a ex-namorada Chrisann Brennan, interpretada por Ahna O'Reilly, e sua recusa inicial em aceitar a paternidade da filha deles, Lisa.

"Não nos furtamos a sermos honestos sobre os dons de Steve Jobs, e sermos honestos sobre os defeitos de Steve Jobs", disse Kutcher. "Tentamos contar a história que fizesse justiça a Jobs mostrando sua contribuição, e também que não se furtasse a mostrar aspectos de Steve Jobs que não fossem tão maravilhosos, bonitos e sedutores", acrescentou.

Assim como Jobs, Kutcher largou a faculdade e se dedica a investimentos no Vale do Silício. Ele admitiu que há semelhanças entre sua trajetória e a do personagem, mas afirmou ter tido dificuldades para reproduzir a agilidade mental de Jobs.

"Steve Jobs era muito mais inteligente do que eu sou, então ao interpretar um cara tão brilhante fiquei realmente com medo de prejudicar seu brilho com minha atuação", disse o ator.

Depois da pré-estreia de "Jobs" no festival de Sundance deste ano, a crítica se dividiu sobre a atuação de Kutcher.

Justin Chang, da Variety, disse que, apesar da semelhança física, "a ilusão nunca se instala totalmente". Já Justin Lowe, do Hollywood Reporter, disse que Kutcher "vai além" da mera semelhança física, para "recriar fielmente ... os maneirismos físicos".