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"Crô" retoma personagem da novela e mistura comédia e suspense

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

28/11/2013 16h04

Ainda é cedo para dizer se tratar de uma tendência, ou apenas uma experiência, mas o mordomo Crô, da novela "Fina Estampa" (2011-2012), é o protagonista de um filme.

Recentemente, o mesmo aconteceu com Giovanni Improtta, de "Senhora do Destino" (2004-2005). Em comum, o mesmo criador: o novelista Agnaldo Silva, que aqui também assina o roteiro. Marcelo Serrado ("Malu de Bicicleta") novamente interpreta Crô, que, agora rico, procura formas de passar o tempo.

Ao receber a herança de sua ex-patroa (Christiane Torloni, que não aparece no filme), Crodoaldo Valério enriqueceu, contratou sua ex-colega de trabalho, Marilda (Katia Moraes), para ser sua governanta, e o motorista Baltazar (Alexandre Nero), por quem é apaixonado, mas com quem vive brigando.

O perfil do personagem não mudou em relação à novela, desprezando-se a necessidade, no cinema, de uma trama mais consistente e bem-amarrada em relação ao folhetim.

Para matar o tempo, Crô tenta trabalhar como cantor, cabeleireiro e estilista --mas em nenhuma carreira é bem-sucedido. Logo no início, é visto cantando "Na Tonga da Mironga do Kabuletê", enquanto é vaiado. Então, resolve que voltará a ser mordomo, pelo puro prazer de trabalhar. Mas, ao invés de ser selecionado para uma vaga, será ele quem selecionará sua nova patroa.

Há uma desculpa determinista para essa obsessão em ser mordomo. Conforme Crô se lembra, fez uma promessa à sua mãe (interpretada pela cantora Ivete Sangalo) - a quem venera com uma estátua em tamanho natural no hall de sua mansão --de sempre servir às divas.

Poderia ser algo pelo menos divertido se o filme se mantivesse nessa linha, peruas querendo contratá-lo, ele tentando se adaptar num novo trabalho, coisas nesse sentido. Mas "Crô: O filme" quer ser sério --ou, ao menos, tenta.

Uma das candidatas a patroa é Vanusa (Carolina Ferraz), nova-rica que, com o marido Riquelme (Milhem Cortaz), tem uma confecção onde mantém imigrantes latino-americanos clandestinos em regime de escravidão. A moça insiste que quer Crô em sua casa como seu funcionário, o que o leva a fazer uma investigação mais severa da vida da moça, colocando o esquema dela e do marido em risco.

Na direção, Bruno Barreto ("Flores Raras") transita entre o humor que beira o pastelão e o suspense sem parecer confortável em nenhum dos dois, gerando cenas de perseguição e situações muito improváveis.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb