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"Vovô Sem Vergonha" aposta no humor de pegadinhas e escatologia

Nayara Reynaud

Do Cineweb*

28/11/2013 14h06

Há treze anos, Johnny Knoxville e sua turma trouxeram "Jackass" (2000-2001) para a MTV, arrebatando um grande número de fãs e, igualmente, de críticas.

O programa, que mostrava o grupo fazendo brincadeiras, pegadinhas e acrobacias altamente perigosas, nas quais se feriam constantemente, criou uma espécie de "ame ou odeie" entre o público, que permanece até hoje, mesmo depois do cancelamento da série após reclamações de que os jovens estariam sendo influenciados a se aventurar em situações de alto risco para imitá-los.

Ainda assim, nos últimos anos, a trupe manteve suas arriscadas estripulias no cinema, em seis longas com o selo da franquia "Jackass".

O legado continua com "Vovô Sem Vergonha", novo filme do grupo. Se é verdade que permanece a tradição do humor físico que tanto os marcou, no entanto, as acrobacias arriscadas saem de cena, as brincadeiras violentas diminuem e dão espaço a uma série de piadas escatológicas, especialmente de cunho sexual, que podem provocar nojo ou risos, dependendo do espectador.

Ao contrário dos longas anteriores, que não passavam de uma compilação de esquetes da trupe, sem nenhuma ligação entre si ou, no máximo, com uma temática que as unia, o mais recente trabalho tem um roteiro para sustentá-las, assim como os filmes do Sasha Baron Cohen, "Borat" (2006) e "Brüno" (2009).

Ainda assim, a trama é extremamente frágil porque não há muita preocupação com a lógica, uma vez que o mais importante é passar para a próxima pegadinha --gravadas com câmeras escondidas, como de costume.

O filme acompanha a história de Irving Zisman (Johnny Knoxville), um senhor de 86 anos que fica viúvo e se alegra com isso, pois acredita que poderá curtir a vida sem a mulher enchendo o seu saco. Mas o sonho logo vira pesadelo, porque ele ganha nova companhia quando sua filha Kimmie (Georgina Cates), uma detenta viciada em drogas que está violando sua condicional, entrega seu filho Billy (Jackson Nicoll) a ele, em pleno funeral.

A contragosto, o avô é obrigado a levar o neto para o pai dele, o estranho Chuck (Greg Harris), na Carolina do Norte.

A partir daí, o roteiro segue a trajetória de outros filmes, em especial os road movies, mas as rotas percorridas são diferentes, com paradas que trazem situações com o velho pervertido e o garoto esquisito, repletas de um humor politicamente incorreto.

É justamente quando faz referência a "Pequena Miss Sunshine" (2006), um dos filmes do gênero que mais fizeram sucesso recentemente, que "Vovô Sem Vergonha" tem seu melhor momento. A sequência do concurso de beleza infantil também comprova que é o neto quem rouba a cena do vovô, mostrando o talento cômico do garoto de apenas nove anos de idade, que apareceu em papéis pequenos em "O Vencedor" (2010) e "Arthur, o Milionário Irresistível" (2011).

Da mesma maneira que os outros filmes da franquia "Jackass", esta produção não passa de uma pegadinha: de mau gosto para alguns, que poderão ter raiva de si mesmos por gastarem dinheiro com isso; ou extremamente engraçada para outros, que sairão do cinema com dor na barriga de tanto rir.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb