Topo

Liam Neeson se segura como herói no suspense "Sem Escalas"

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

27/02/2014 15h03

Definitivamente, o irlandês Liam Neeson está se sentindo confortável como herói de filme de ação. E talvez fosse exatamente de uma figura como ele que o gênero estava precisando.

Com seu semblante sisudo e seus quase dois metros de altura, aliados a uma seriedade dramática que ele é capaz de emprestar a qualquer personagem, o ator pode não reinventar a dinâmica das perseguições ou tiroteios. Mas há uma certa gratificação em vê-lo na tela, ao invés de um ex-modelo aleatório fazendo caras e bocas nesse tipo de personagem.

É claro que ao ver "Sem Escalas", que estreia nessa sexta-feira (28) em versões dubladas e legendadas, boa parte do público vai ter alguma espécie de déjà vu. Mas e daí? No filme, dirigido pelo catalão Jaume Collet-Serra ("Desconhecido", "A órfã") o show é de Neeson, e, por algum tempo de Julianne Moore.

Se, por um lado, seu personagem, um marechal da aeronáutica, mergulha no clichê --traumas do passado, ex-alcóolatra tentando se manter sóbrio--, a engenhosidade da trama e a presença do ator garantem mais interesse pelo filme.

Este é um suspense que não poderia ser pensando antes dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Aqui, boa parte do suspense vem do jogo que o filme faz com estereótipos e expectativas, e de como o protagonista cai ou não nessas armadilhas.

Neeson é Bill Marks, que durante um voo dos Estados Unidos para Londres é surpreendido por uma mensagem em seu celular, dizendo que se não conseguir US$ 150 milhões, um passageiro morrerá a cada 20 minutos. Segue, então, um jogo de gato e rato, por meio de mensagens de texto, tornado mais eletrizante pelo espaço confinado de um avião.

Todo os passageiros são suspeitos do sequestro. E o diretor foi esperto o bastante para lançar uma série de pistas e desviar as atenções antes mesmo do embarque de todos eles. A galeria vai desde um médico árabe (Omar Metwally) até a simpática passageira no assento ao lado do protagonista, Jen (Julianne Moore), ou mesmo as comissárias de bordo (Michelle Dockery e Lupita Nyong'o, que concorre ao Oscar por "12 anos de escravidão").

A trama surpreende ao ponto da incredulidade --e essa é graça do gênero, é claro, embora muito do que possa parecer impossível não deixe de ser plausível. Há também aquela resolução típica: um tanto frustrante e didática, mas que não destrói o que se viu até então.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb