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Desfiles de Saint Laurent eram mais criativos do que sua cinebiografia

23/04/2014 19h06Atualizada em 24/04/2014 14h53

"Yves Saint Laurent", que estreia nesta quinta (24), é uma cinebiografia convencional de um dos ícones da moda francesa, morto em 2008, e cujos desfiles eram bem mais criativos e ousados do que esse filme, dirigido pelo ator Jalil Lespert e protagonizado por Pierre Niney ("Românticos Anônimos").

Este, aliás, é um dos dois projetos sobre o estilista que chega aos cinemas neste ano. O outro filme, "Saint Laurent", dirigido por Bertrand Bonello ("L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância) e trazendo Gaspard Ulliel no papel central, terá sua primeira exibição na mostra competitiva do Festival de Cannes, no próximo mês.

O enredo acompanha a ascensão e a vida de excessos do estilista, nascido em 1936, na Argélia. Desde a adolescência, o jovem mostra inclinações para a moda e, anos mais tarde, em Paris, vai conhecer a fama, as drogas e a decadência. Ao seu lado, está seu companheiro, Pierre Bergé (Guillaume Gallienne), que cuida das finanças de seu ateliê e administra as crises emocionais do estilista.

A trama se passa do começo dos anos de 1960 até meados dos anos de 1970, um período ao mesmo tempo conturbado e de agitação cultural e efervescência política. Isso tudo serve como um discreto pano de fundo para a saga pessoal que o roteiro, baseado em biografia de Laurence Benaïm, está interessado em contar.

Os personagens centrais aqui são Saint Laurent e Bergé. Os demais coadjuvantes - incluindo Laura Smet, Charlotte Le Bon e Nikolai Kinski - entram e saem da trama sem deixar uma marca mais profunda, são apenas acessórios para a narrativa centrada nos dois protagonistas e sua relação conturbada.

Saint Laurent vive dividido entre Bergé, seu companheiro, mas não muito fiel, e vários amantes. Os dois vivem uma relação que estabelece um padrão: brigas, reconciliações, casos, mais brigas, mais conciliações. Em meio a tantas idas e vindas, e tantos personagens, o diretor Lespert parece perdido, sem saber como conduzir o amontoado de clichês em que o filme se transforma.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb