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Keira Knightley canta e não convence em "Mesmo se Nada Der Certo"

Alysson Oliveira

Do Cineweb, em São Paulo*

17/09/2014 15h46

Há quase uma década, o roteirista e diretor irlandês John Carney entrou no radar com um romance de orçamento mínimo, chamado "Apenas uma Vez". Sem qualquer astro ou outro chamativo, o filme fez uma carreira considerável no circuito de arte, e ganhou o Oscar de canção original em 2008. O raio não costuma cair duas vezes no mesmo lugar, diz a sabedoria popular, e "Mesmo se Nada Der Certo", que estreia no Brasil na quinta-feira (18), é prova disso.

Aqui, novamente Carney tem o cenário musical como tema, deslocado de uma gélida e pacata Dublin para uma Nova York feita para turista, com elenco famoso, encabeçado por Mark Rufallo e Keira Knightley. Ele é Dan, um executivo da indústria musical cuja carreira afundou na bebida, que perdeu o amor da mulher, Mirian (Catherine Keener), crítica de música, e o respeito da filha adolescente, Violet (Hailee Steinfeld).

Keira é Gretta, uma aspirante a cantora inglesa que se muda para Nova York com o namorado músico, Dave (Adam Levine, da banda Maroon 5). Quando ele fica realmente famoso, ela é jogada para escanteio. Deprimida, compõe uma canção pegajosa que Dan ouve por acaso, entre um copo e outro, e percebe potencial na moça sem graça, sem voz ou presença de palco.

Depois de romper com a gravadora que ele mesmo ajudou a fundar e estabelecer, Dan decide lançar a carreira de Gretta de forma quase caseira. Eles vão gravar um disco demo nas ruas de Nova York, com uma banda e tudo mais, e com os sons da cidade invadindo a gravação.

Trailer legendado de 'Mesmo Se Nada Der Certo'

Entre idas e vindas, "Mesmo se Nada Der Certo" conta a decadência e ascensão da dupla, que se une pelo objetivo de relançar a carreira de um e dar o estrelato à outra.

Carney trazia uma percepção delicada e profunda do casal de protagonistas de "Apenas uma Vez", mas aqui deixa tudo isso de lado para narrar uma história óbvia de superação e sucesso, que se torna entediante na medida em que a conclusão começa a ficar clara.

Rufallo é sempre uma presença grata --mesmo quando parece fazer o mesmo personagem pela centésima vez-- enquanto Keira não convence como cantora, aspirante a estrela ou quando canta sua musiquinha chata de dor de cotovelo. Mas é em Hailee Steinfeld --que já havia mostrado a que veio na refilmagem de "Bravura Indômita"-- que o filme realmente encontra algo pertinente. Pena sua personagem ser uma mera coadjuvante do casal central.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb