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Francês exagera nos efeitos em versão "intoxicante" de "A Bela e a Fera"

Alysson Oliveira

Do Cineweb, em São Paulo*

25/09/2014 15h32Atualizada em 25/09/2014 17h55

Uma pergunta com que podemos nos deparar quando surge algo como essa nova versão de "A Bela e a Fera": o mundo precisa disso? E a resposta é: não muito. Aparentemente, o clássico de 1946, de Jean Cocteau, e a animação da Disney, de 1991 (já relançada em cinema diversas vezes), basicamente deram conta não apenas da história, como das questões estéticas, éticas e outras em torno da trama, para todos os públicos, adulto e infantil.

O diretor francês Christophe Gans ("Terror em Silent Hill"), no entanto, achou que ainda havia algo com que pudesse contribuir, mas o resultado, que estreia nesta quinta (25), é um tanto anódino, excessivo em suas computações gráficas que se tornam cansativas depois de meia hora de filme. A história só engrena mesmo quando finalmente Bela (Léa Seydoux) se encontra com a Fera (Vincent Cassel).

A trama é a de sempre: um mercador viúvo (André Dussollier) é obrigado a abandonar Paris e se mudar com os três casais de filhos para o campo. As filhas mais velhas, reclamonas e desesperadas para casar (Audrey Lamy e Sara Giraudeau), não se conformam com o empobrecimento, enquanto Bela é a única que toma partido do pai e o ajuda -- especialmente depois que ele deve sua vida a uma Fera, dona de um reino sombriamente mágico no meio da floresta.

Bela se resigna a salvar a vida do pai e se entrega ao sacrifício, indo morar no castelo da criatura. Ao chegar, a garota anda pelos corredores e cômodos, e as criações visuais são deslumbrantes -- até se tornarem cansativas. Talvez o fato de os atores filmarem suas cenas cercados por paredes verdes -- que servem de base para a inserção das imagens de computador mais tarde -- e contracenando com criaturas que não estavam fisicamente lá naquele momento tenha sido um impedimento para fazer aflorar as emoções desses personagens.

Gans, que assina o roteiro com a estreante Sandra Vo-Anh, criou uma espécie de trama paralela, envolvendo os irmãos de Bela, que devem a uma gangue liderada pelo personagem do espanhol Eduardo Noriega, que se mostra, no mínimo, deslocada. Além disso, algumas cenas dão conta do passado da Fera, e como e por que o Príncipe se transformou nessa criatura.

Essa nova versão do conto clássico, que circula em versão dublada e legendada, é "intoxicante" -- nem sempre num bom sentido. Seus excessos visuais parecem sufocar a história que o filme quer contar, os personagens não têm fôlego para respirar, e os atores parecem um tanto desconfortáveis.

Trailer dublado de "A Bela e a Fera"

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb