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Colin Firth vive veterano de guerra traumatizado em "Uma Longa Viagem"

Alysson Oliveira

Do Cineweb, em São Paulo

17/12/2014 16h56

"Uma Longa Viagem", drama protagonizado por Colin Firth e Nicole Kidman, carrega em seus frágeis ombros o peso de ser um filme "baseado numa história real", e falar de grandes temas da natureza humana —se é que se possa englobar ao mesmo tempo questões de todos os lugares e épocas. É um filme sobre o poder do perdão, dirigido de forma burocrática por Jonathan Teplitzky, baseado num livro de memórias de Eric Lomax, recém-lançado no Brasil. O longa estreia nesta quinta (18).

Lomax (Firth) é um veterano da Segunda Guerra, repleto de feridas emocionais que o atormentam em sua vida solitária, tentando sobreviver aos traumas. Sua única distração é sua obsessão com trens e qualquer coisa que envolva o tema, como souvenires e listas de horários. Não tem olhos para ninguém, até conhecer Patti (Nicole Kidman), com quem logo se casa, levando uma vida tranquila.

Quando ele começa a sofrer crises, Patti procura um antigo amigo dele, Finlay (Stellan Skarsgard), cuja única função no filme é fazer a ponte entre o passado e o presente. Através dele, externa-se os traumas do protagonista, que foi um soldado do Exército inglês, capturado por japoneses, em Cingapura, e forçado a trabalhar na construção da ferrovia ligando a Tailândia à Birmânia, cujo projeto ficou conhecido como Ferrovia da Morte.

A experiência é mostrada de forma assustadora e serve como justificativa à instabilidade de Eric que, entre outras coisas, passou por torturas. Nesses flashbacks, Eric é interpretado por Jeremy Irvine ("Cavalo de Guerra").

No presente, por volta da década de 1980, Lomax precisa superar seus traumas e seguir em frente, mas talvez isso só seja possível se revisitar o local de seu calvário.

"Uma Longa Viagem" se apropria da seriedade do tema para ficar apenas em sua zona de conforto. Não há nada fora do lugar, uma emoção ou um fio do cabelo emplastado de Firth. É tudo muito calculado, tornando o filme, em sua maior parte, previsível e até enfadonho. O que é um desperdício, pois a experiência de vida de Lomax tem grande potencial, bastava um pouco mais de ousadia.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb