"Whiplash" explora duelo entre mestre e aluno no mundo do jazz
"Não há duas palavras mais nocivas do que 'bom trabalho'", diz o implacável regente Fletcher ao seu baterista prodígio Andrew. Com seus métodos cruéis e coercitivos de ensino, acredita que a complacência gera mediocridade. Será essa relação de abuso verbal e terror psicológico em busca da genialidade o ponto central do drama "Whiplash - Em Busca da Perfeição", que estreia nesta quinta (8).
Dirigido e escrito pelo cineasta Damien Chazelle, o filme foi cotado como um dos 20 melhores de 2014 pelos críticos de Nova York (New York Film Critics Circle), mas é o papel de Fletcher, interpretado por J.K. Simmons, que tem dominado as notícias a respeito da produção.
Embora tenha sido excepcional como o chefão ariano na extinta série de TV "OZ", o ator já há uma década tem feito apenas comédias. Daí a surpresa pela atuação dramática tão contundente que se vê agora —inclusive com fortes chances de receber o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante deste ano e, quem sabe, chegar a uma indicação ao Oscar.
Ele encarna com tal vigor o professor do respeitado conservatório de música, que seus insultos, numa verborragia atroz, fariam tremer até mesmo o jazzista Buddy Rich (1917-1987), uma lenda da bateria. Uma atuação seguida de perto pelo jovem ator Miles Teller, também conhecido por suas comédias adolescentes (como "Namoro ou Amizade" e "Projeto X").
Teller é, aqui, Andrew, que tem a sorte de ser selecionado para a banda de Fletcher, mesmo sendo calouro no conservatório. Assim que entra no grupo, no entanto, é alvejado por gritos, tapas na cara e até uma cadeira voadora, pois não entra no compasso correto imaginado pelo tutor e regente. É só o início das provações do rapaz, que aceita os abusos visualizando um futuro glorioso.
Entende-se a perseverança de Andrew também pela sua personalidade. Sem amigos, vê na própria família inúmeras limitações, não condizentes com o futuro "entre os grandes do jazz" que almeja. Em uma cena, termina com a namorada Nicole (Melissa Benoist), em um cortante monólogo no qual explica porque o fato de continuarem juntos só irá atrapalhar seu caminho para o sucesso.
Quanto mais Fletcher desfere humilhações, mais o rapaz se esmera na prática, que deixa quase sempre suas mãos em carne viva. Como não há trégua, resta saber até quando o Andrew resistirá a esse aprendizado.
Chazelle, que também é o diretor de fotografia, é inventivo em seu apurado jogo de câmera que, junto à trilha sonora e à intensidade psicológica do que se vê na tela, transforma os ensaios da banda em batalha campal. Conceito muito adequado ao conflito que impinge ao espectador.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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