Topo

"Amor, Plástico e Barulho" retrata bastidores de cena musical do Recife

Neusa Barbosa

Do Cineweb

21/01/2015 16h27

Premiada diretora de arte e curta-metragista, a partir de sua promissora estreia, "Super Barroco" (curta lançado na Quinzena dos Realizadores de Cannes em 2009), a pernambucana Renata Pinheiro assina com segurança sua estreia em longas de ficção com "Amor, Plástico e Barulho". O filme estreia nesta quinta (22).

A trepidante cena da música brega do Recife é o ambiente em que habitam suas personagens, as cantoras Jaqueline (Maeve Jinkings) e Shelly (Nash Laila). Jaqueline é a estrela, consagrada num circuito de shows que não escolhe palco, dividindo-se entre bares, clubes, associações, praticamente qualquer lugar.

Uma glória feita de plástico, de seus adornos baratos e de muitas músicas descrevendo as dores de amor que não saem da boca do povo —como as conhecidas "Faço de Mim o que Quero" e "Chupa que É de Uva".

Shelly é uma das dançarinas da trupe de Jaqueline a quem o acaso dá uma oportunidade, a partir da briga da outra com seu namorado, Allan (Samuel Vieira).

Explorando esta rivalidade, o filme, roteirizado por Renata e Sergio Oliveira, constrói uma narrativa que se estrutura sensorialmente, na pele das cantoras, na sensualidade explícita que exala de suas apresentações —uma situação que fornece uma oportunidade esplêndida para confirmar Maeve Jinkings ("O Som ao Redor") como a atual musa do cinema brasileiro, tão bela e expressiva como excelente intérprete.

Maeve, aliás, foi uma das premiadas no Festival de Brasília 2013, como melhor atriz, ao lado de Laila, melhor coadjuvante feminina, e melhor direção de arte para Dani Vilela.

Recusando cacoetes e muletas narrativas, "Amor, Plástico e Barulho" confia mais na imagem, na elaboração de seus climas, seguindo situações que vão se desenrolando de moto próprio, coladas a uma naturalidade quase documental.

A história se desloca mais no comportamento dos personagens do que propriamente em suas falas, embalando trajetórias anônimas, pontuadas por sonhos e desilusões, mas também uma invencível esperança. Uma esperança autêntica de recomeço, para a qual não vale o falso brilho do sucesso efêmero.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb