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Em linguagem de sinais, ucraniano "A Gangue" traz trama de sexo e violência

Alysson Oliveira

Do Cineweb, em São Paulo

13/05/2015 15h27

O ucraniano "A Gangue", que estreia nesta quinta (14), tem uma peculiaridade: é inteiramente falado em linguagem de sinais e protagonizado por atores surdo-mudos. A temática da gangue juvenil já é bem saturada pelo cinema e, no fundo, representa os ritos de passagem para a vida adulta. Sem qualquer legenda ou diálogo verbalizado, a narrativa se constrói da fala silenciosa de suas personagens e do som ambiente.

Isso, é claro, causa, num primeiro momento, desconforto no público, que intuitivamente acompanha o desenrolar da trama. Depois, o longa, escrito e dirigido por Miroslav Slaboshpitsky, traz outros tipos bem maiores de desconforto em seu sexo explícito e na violência, deixando a falta de falas em segundo plano.

Sergey (Grigory Fesenko) chega a um internato para surdos, um lugar como outro internato que tanto se vê no cinema: disciplina rígida, uniformes e uma tensão e disputa entre personagens. Mas o jovem quer se encaixar, fazer parte do grupo, por assim dizer. Se comportam conforme mandam as regras da instituição durante o dia, mas à noite se transformam, liderados por um deles (Alexander Osadchiy); roubam dinheiro e bebidas.

Quando finalmente é aceito, Sergey começa sua escalada rumo ao topo da gangue. Primeiro junta dinheiro para passar a noite com uma das garotas da escola, Anya (Yana Novikova) e os dois se tornam amantes, o que resulta em algumas das cenas gráficas do longa. A garota e sua amiga Svetka (Rosa Babiy) querem imigrar para a Itália, mas o sonho é interrompido por uma gravidez inesperada no que resultará em outro dos "momentos fortes" do filme.

Ganhador de três prêmios no Festival de Cannes do ano passado entre eles o principal da competição paralela Semana da crítica, Slaboshpitsky não tem pudores em mostrar a violência especialmente perto do final como a única saída para suas personagens. É o refúgio deles, é uma espécie de última forma de expressão que encontraram. É cruel, mas, ao mesmo tempo, faz um certo sentido: mas seria a única forma que eles têm para "gritar"? É claro que não.

Assista a trailer do filme

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb