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Comédia chinesa "O Ciclo da Vida" acompanha aventura de idosos

Neusa Barbosa

Do Cineweb, em São Paulo

15/07/2015 16h36

Conhecido no Brasil por alguns filmes competentes —caso da deliciosa e premiada comédia dramática "Banhos" (1999) e do drama "Abandono do Sucesso" (2003), o diretor chinês Zhang Yang tem tudo para agradar a um grande público com a comédia dramática "O Ciclo da Vida". O longa chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (16), com um atraso de três anos em relação ao seu lançamento original, em 2012.

Impossível não simpatizar, de saída, com os atores principais, um grupo de velhinhos, residentes numa casa de repouso no norte da China. Apesar de alguns probleminhas de saúde e da raridade das visitas dos parentes, eles resistem bravamente à rotina e à solidão. Sob o comando do enérgico senhor Zhu (Wu Tiang-Ming), eles se divertem dançando, ensaiando números artísticos.

A chegada do senhor Ge (Xu Huanshan), amigo de Zhu, é outra novidade. Ele está traumatizado, não só pela morte repentina da segunda mulher, como por ter se sentido obrigado a sair da casa onde viviam, para deixá-la para os filhos dela. Ele mesmo tem uma história familiar complicada com o filho de seu primeiro casamento (Han Tangsheng), que não o perdoa pelo que sentiu como um abandono do pai numa situação crítica.

Ge e Zhu foram motoristas de ônibus na mesma empresa no passado. Assim, Zhu o acolhe em seu quarto e faz de tudo para que ele se integre ao grupo, que ensaia para participar de um concurso num programa de televisão. O sonho encontra um impedimento na enfermeira-chefe (Yan Bingyan), que não vê com bons olhos a ideia de os velhinhos atravessarem o país para essa participação.

Um incidente no ensaio preparado para os familiares autorizarem a viagem dá errado. Frustrados, os velhinhos resolvem ir de qualquer jeito, arranjando um ônibus velho e deixando a condução do veículo para Zhu e Ge.

A viagem é a grande sequência do filme, atravessando paisagens da Mongólia e permitindo o desenvolvimento de situações engraçadas, românticas e também dramáticas. O concurso na TV é um curioso encontro entre dois mundos, o dos velhos e da globalização midiática.

De todo modo, o diretor não pretende mais do que fazer um filme sentimental e agradável, o que consegue na maior parte do tempo. O carisma da dupla principal faz o resto. Parte do elenco é formada por amadores, que são identificados um a um no final, com as respectivas idades ? alguns, surpreendentemente idosos, mas nem por isso menos enérgicos.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb