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"A Forca" faz terror convencional com supostos vídeos verídicos

Rodrigo Zavala

Do Cineweb, em São Paulo

22/07/2015 16h07

Apenas quem for jovem o suficiente para não ter visto "Holocausto Canibal" (1979), "Bruxa de Blair" (1999) ou "Atividade Paranormal" (2007) poderá encontrar alguma novidade em "A Forca".

Amparado na já puída lógica de vídeos assustadores encontrados pela polícia após uma tragédia, recurso conhecido como "found footage", a nova produção é um derivado do gênero, que sofre para encontrar algum ponto mais ousado.

O filme ficou conhecido, em maio, por viralizar em mídias sociais uma brincadeira para chamar um espírito, um tal de Charlie, morto no México ou Estados Unidos, dependendo da versão.

Enquanto adolescentes incautos repetiam o nome em busca de repostas do além, a equipe de marketing do filme olhava para sua ação às gargalhadas, ao ver uma produção de baixíssimo orçamento faturar mais de 10 milhões de dólares só no fim de semana de estreia nos EUA.

Embora o jogo seja anterior ao filme, o fantasma desta história é o ficcional Charlie Grimille, um adolescente que morreu acidentalmente enforcado durante uma peça de teatro escolar, em 1993. Da morte, nasceu uma lenda urbana, como apontam os diretores e roteiristas Travis Cluff e Chris Lofing durante a projeção.

Vinte anos depois do acidente, o desagradável Ryan Shoos (os atores emprestaram seus nomes reais aos personagens) é um aluno da mesma escola de Charlie. Com câmera na mão, este caçador de nerds sexista ridiculariza seu melhor amigo Reese Mishler por atuar na nova produção teatral da escola, a mesma em que o jovem morreu duas décadas antes.

É de Ryan a (péssima) ideia de destruir o cenário da peça na véspera da apresentação. Alega que, assim, Reese não passaria vergonha -- lógica aceita pelo colega. O plano é simples: invadem a escola à noite e desmontam tudo, com a ajuda da namorada Cassidy Gifford, que se junta à dupla.

Ao chegar lá, no entanto, se deparam com a atriz principal Pfeifer Brown e, ainda, se veem trancados na escola, sem sinal de celular. Fica claro também que não estão sozinhos, quando Charlie aparece para fazer uma visita.

Embora a dupla de diretores consiga entregar alguma tensão (com muitos sustos), com a colaboração do Edd Lukas, que assina a fotografia mórbida e escura, é muito pouco. Replica fórmulas dos filmes que usa como referência, sem acrescentar nada de impactante para a audiência.

Também se provoca dúvidas sobre o conteúdo, graças a complexidades desnecessárias colocadas no roteiro, que atrapalham a dinâmica do filme. Exemplo claro é a motivação da vingança de Charlie, irrelevante e, pior, mal contada.

Assista ao trailer do filme

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb