ESTREIA-"A Esperança é a Última Que Morre" tenta fazer humor com jornalismo
SÃO PAULO (Reuters) - A comédia nacional “A Esperança é a Última que Morre” é pautada pela ingenuidade – algo que não a redime, mas talvez a explique.
Escrito e dirigido por Calvito Leal (um dos codiretores do documentário “Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei”), o filme tem como protagonista Dani Calabresa, vivendo uma repórter atrapalhada que sonha em ser âncora do telejornal da cidade onde mora, Nova Brasília.
Ela se chama Hortência e a ela cabem apenas reportagens sem qualquer destaque e relevância, como um festival de biscoitos na cidade. Quando abre uma vaga na bancada do telejornal, ela logo se anima, mas, para conseguir, terá de competir com Vanessa (Katiuscia Canoro), a queridinha do chefe/apresentador (Augusto Madeira).
Talvez, sem querer, “A Esperança...” expõe alguns pontos baixos de nosso jornalismo contemporâneo – mesmo numa chave exagerada do humor. A atual âncora do jornal (Adriana Garambone) foi despedida porque não é mais uma jovenzinha. Na sua forma cômica, mas sem muita graça, o longa mostra como o jornalismo eventualmente está se tornando entretenimento, ao invés de informação.
Depois de fazer uma pesquisa, Hortência descobre que Nova Brasília é a cidade mais pacata do planeta, onde não ocorre um crime há anos. Mas Vanessa rouba a pauta e desponta como a favorita para o novo cargo.
No mesmo dia, a protagonista vê um sujeito se jogar de uma ponte e, com ajuda de dois amigos que trabalham no IML, Eric (Danton Mello) e Ramon (Rodrigo Sant'anna), forjam a aparência de um assassinato. Isto permite dar início a uma série de crimes “realizados” por um serial killer, todos inspirados em provérbios.
Na verdade, eles pegam corpos que morreram de morte natural e criam a cena dos supostos assassinatos que se transformam em notícia, permitindo, finalmente, a Hortência brilhar numa cobertura.
A premissa do filme não é lá muito promissora, e o resultado também. A ingenuidade da trama parece um espelho da ingenuidade da cidade e de seus habitantes, que, aos poucos, começam a temer sair de casa.
Dani e Katiuscia já tiveram momentos mais engraçados na televisão. Aqui, suas personagens são estereotipadas demais para ter qualquer nuance. São aquelas figuras comuns de um humor ligeiro, que acabam tipificadas. O mesmo serve para os personagens de Sant’Anna e Mello – respectivamente, o malandro e o atrapalhado que faz tudo para conquistar Hortência.
A estética leva a lembrar os filmes de humor sobre o mundo jornalístico protagonizados por Will Ferrell – “O Âncora” e “Tudo Por Um Furo”-, aqui num contexto deslocado no tempo e no espaço.
Embora nunca se digam em que ano a trama se passa, há algo de anacrônico no filme – com figurinos e direção de arte que remetem aos anos 1970, mas também celulares antigos. Já a boa vontade em fazer rir, no entanto, não se traduz em humor, efetivamente. “A Esperança...” morre na intenção.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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