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ESTREIA-"Depois de Tudo" leva ao cinema peça de Marcelo Rubens Paiva

04/11/2015 17h11

SÃO PAULO (Reuters) - No drama “Depois de Tudo”, que adapta a peça “No Retrovisor”, de Marcelo Rubens Paiva, o diretor João Araújo retorna ao cenário rock’n’roll que visitara em seu primeiro filme “O Magnata” (2007) – quando assinava como Johnny Araújo –, que contava com o roteiro do cantor Chorão do Charlie Brown Jr., falecido em 2013.

Paiva assina o roteiro desta nova produção, junto com Mauro Mendonça Filho (diretor da montagem teatral), e Lusa Silvestre, que adaptou para o cinema “E Aí... Comeu?” (2012), também inspirado num texto teatral de Rubens Paiva.

Além da equipe técnica da peça de 2003, encontra-se no filme o seu mesmo elenco. Marcelo Serrado volta a encarnar o famoso cantor Ney, cuja cegueira foi provocada por um acidente que o público só conhece em detalhes no final, e Otávio Muller é seu melhor amigo de juventude, Marcos. Os dois passaram quase 30 anos sem se falar.

Quando Bebel (Soraya Ravenle), a mulher por quem ambos foram apaixonados e alterou radicalmente a amizade deles, é internada no hospital, os antigos parceiros de casa e música se reencontram e começam a esclarecer questões não resolvidas do passado.

A trama retorna constantemente a meados dos anos 1980, quando os inseparáveis e jovens Ney e Marcos, interpretados nos flashbacks, respectivamente, por Rômulo Estrela, em seu primeiro longa, e César Cardadeiro, de “Paraísos Artificiais” (2012), conhecem a bela Bebel, vivida aqui por Maria Casadevall, também estreante.

A relação depreciativa entre os amigos, já existente desde a juventude em um clima de camaradagem, atinge um nível mais profundo no reencontro deles, acentuando as mágoas entre eles e com a própria vida. “Soldados” do Legião Urbana, que toca recorrentemente na trilha, assinala os sonhos não-realizados ou que foram deturpados.

Quando aponta o caminho da desilusão daquela geração Coca-Cola, com todo sexo, drogas e rock’n’roll inerentes ao grupo retratado, Araújo promete entregar um ótimo drama geracional, mas nunca mantém o fôlego necessário para cumprir este potencial da obra.

(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb