| 21/02/2005 - 19h07 Rubens Ewald Filho: Jamie Foxx é magnífico em "Ray"; o filme nem tanto RUBENS EWALD FILHO
Colunista do UOL 
Não há dúvida de que o trabalho de Jamie Foxx como Ray Charles em "Ray" é fantástico e merece todos os prêmios _já levou o Globo de Ouro de melhor ator. E parece mesmo imbatível neste Oscar.
Mas o filme sobre Ray Charles, indicado a seis Oscar, não é isso tudo. Para começar, é longo demais e podia ter perdido várias "barrigas", que alongam a narrativa e aborrecem. A gente cansa de ver Ray traindo a mulher, se drogando, com traumas de infância (ele viu o irmão morrer afogado e conseguiu agir para evitar a tragédia).
Além disso, "Ray" tem uma resolução inaceitável, quando mostra mais uma vez a mãe passando-lhe um sermão e cai num melodrama barato. O segundo final, quando ele volta a ser aceito na Geórgia, estado natal do cantor, esse sim funciona. Ou seja, o ator é magnífico; o filme nem tanto.
Embora o filme mostre uma parte relativamente pequena da vida de Ray Charles _não há, por exemplo, o primeiro casamento dele_, conta os principais fatos. Como que ele era esperto para negócios, implacável com os que o traíam e infiel à mulher (e não prometia nada para as amantes que descartava sem a menor simpatia). Ou seja, mostra mais defeitos do que de costume numa biografia autorizada como esta. Charles morreu antes de o filme ter sido finalizado, mas ajudou Foxx a compor o personagem e acompanhou o processo de montagem dos copiões; o filho de Charles assina a co-produção.
Certamente é a garra de Foxx que segura o filme. Apesar de a voz quase sempre ser a de Charles, o ator convence com a própria voz e ao piano. A princípio os flashbacks com a mãe são até curiosos, mas há excesso deles, e o filme quase derrapa quando se transforma em "fita de drogado", em que o herói passa por uma clínica de reabilitação e larga o vício.
A parte musical é legal, mas desequilibrada: na primeira parte não se ouve direito as músicas, do meio para o fim ouve-se demais. Enfim, é muito discutível o trabalho do diretor Taylor Hackford. Felizmente isso não deve impedir o triunfo de Foxx, que torna o filme importante e notável. |
