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07/01/2007 - 10h03
Com 'Diamante de Sangue', luso tenta 3ª indicação ao Oscar

Anabela Mota Ribeiro

Lisboa, 07 Jan (Lusa) - É um filme político, de orçamento hollywoodiano e olhar cortante sobre o tráfico de diamantes na Serra Leoa. Eduardo Serra, o diretor de fotografia de "Diamante de Sangue", apresenta-o não como um filme de ação, mas como "um filme com ação que aborda um drama humano ao qual é sensível".

"Diamante de Sangue" consumiu quase de um ano de trabalho. As filmagens ocorreram entre 1º de fevereiro e meados de junho. Após as filmagens, Eduardo Serra passou uma temporada em Los Angeles, ocupado com acertos de cor e outras questões técnicas.

Era um desafio irrecusável: um filme de US$ 120 milhões, com oito câmaras em permanência e uma estética diferente daquela em que o português se tem distinguido - as duas indicações para o Oscar aconteceram com "Asas do Amor" (1997) e "Moça com Brinco de Pérola" (2003), ambos filmes de época.

Durante a rodagem, o entusiasmo em torno do seu desempenho criou a expectativa de uma terceira nomeação. Mas o diretor de fotografia duvida dessa possibilidade: "Estou muito orgulhoso do trabalho que fiz. Mas os resultados não têm sido espantosos nas salas de exibição e a crítica está dividida. Talvez isso tenha desmobilizado a Warner de uma aposta mais séria no Diamond".

Um dia de trabalho

Baixa de Maputo, Moçambique. Pontualmente, às 6 da manhã, cerca de 200 pessoas estarão concentradas para filmar uma longa sequência com Leonardo DiCaprio, tanques e explosões.

O ator encarna um mercenário, invulnerável às atrocidades cometidas, num "mundo abandonado por Deus" (expressão usado por DiCaprio numa entrevista recente).

A verdade é que Leo aparecerá muito mais tarde, quando a cena já está milimetricamente preparada. Dois dublês ocupam-se da marcação dos movimentos e da luz, e um deles ocupa-se exclusivamente da encenação de cenas perigosas e de pancadaria.

Quando o carro deposita o ator no platô, precedido pelo guarda-costas, terão passado cerca de três horas desde a chegada da equipe.

Eduardo Serra tece rasgados elogios à estrela americana: "É de um profissionalismo raro. Talentoso e trabalhador". Representa um herói duro, disposto a morrer, que corta com a imagem de baby face que "Titanic" lhe colou na pele.

Intervalo para almoço, entre o meio-dia e as 13h. O diretor de fotografia português aproveita para descobrir recantos arquitetônicos ou caras que têm a beleza de uma escultura em ébano. Não suporta a comida e prefere a descontrcção de uma cerveja num dos cafés antigos da cidade.

Quando regressa, há dez minutos essenciais nos quais o diretor Ed Zwick especifica linhas de trabalho para a tarde. O ritmo será intenso, mas a máquina está azeitada, todos sabem exatamente o que fazer. Não se assiste a qualquer desperdício, sobretudo de tempo.

"A preparação foi exaustiva. Entre setembro e dezembro estive três vezes, num total de seis semanas, entre a África do Sul e Moçambique escolhendo locais de filmagem com o diretor. Tivemos discussões calorosas sobre o que devia ser o ambiente do filme. Certo é que não queríamos um filme de ação tipicamente americano, com sangue, carnificina, explosões desnecessárias".

Quando o assistente de direção agradece à equipe e dá por terminado o dia de trabalho, uma parte dela (Serra incluído) segue para verificar o material filmado na véspera.

O dia só acaba por volta das 19h, quando se instala no Hotel Polana. "Muitas vezes nem tinha forças para cruzar a rua e jantar fora do hotel! Levantava-me às 4h15. Foi extenuante".


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