Por Bob Tourtellotte

LOS ANGELES (Reuters) - Penélope Cruz diz que é o papel mais difícil que já representou, e, a julgar pelos primeiros comentários e resenhas, o retrato que ela faz da mãe de uma garota sexualmente molestada em "Volver" pode lhe render o primeiro Oscar já dado a uma atriz espanhola.

O filme estréia nas grandes cidades americanas em 3 de novembro e marca o reencontro de Cruz com o premiado diretor Pedro Almodóvar, que escolheu a beldade espanhola relativamente desconhecida na época para atuar em "Carne Trêmula", em 1997, e, mais tarde, em "Tudo Sobre Minha Mãe".

"Volver" significa voltar, e Almodóvar volta a focar as vidas de mulheres espanholas, uma característica de seus primeiros filmes, e a manifestar seu senso de humor esdrúxulo, depois de seus filmes mais dramáticos, como "A Má Educação", de 2004.

Apesar dos momentos cômicos em "Volver", abordar o abuso sexual de um ângulo diferente ao drama é complexo, e conseguir o equilíbrio correto entre comédia e tragédia foi um desafio para Penélope Cruz, 32 anos.

"É o personagem mais difícil e complexo que já me deram", disse a atriz à Reuters. "Conheço mulheres que já passaram por coisas que poderiam tê-las destruído, mas que continuaram a lutar. Minha personagem não é uma vítima."

É claro que muitos filmes ainda terão que ser vistos antes de a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas entregar seus prêmios cobiçados, em fevereiro, e Cruz enfrenta concorrência acirrada de atrizes como Helen Mirren, por "The Queen", e Kate Winslet, por "Little Children", entre outras.

Mas a espanhola tem vários fatores a seu favor, incluindo a atração que exerce entre platéias de todo o mundo e um currículo cada vez mais forte que varia desde sucessos de bilheteria como "Na Companhia do Medo" até trabalhos de arte como "Vanilla Sky" e o elogiado filme italiano "Não se Mova", no qual ela representou uma garçonete pobre.

A VINGANÇA É DOCE Em "Volver", Penélope Cruz é Raimunda, cujo marido abusa sexualmente de sua filha adolescente. Quando Raimunda toma conhecimento disso, ela se vinga de uma maneira que, ironicamente, a leva a comandar um café local.

Ao mesmo tempo, sua irmã, Sole, começa a enxergar o fantasma da mãe morta das duas, e suas visões levam à solução de um mistério que vem dificultando as relações familiares.

Cruz disse que o roteiro foi o melhor que ela já tinha lido, e esse tipo de comentário é altamente elogioso para Almodóvar, que recebeu o Oscar de melhor roteiro em 2002 por "Fale com Ela".

"Almodóvar já me deu personagens que não têm nada a ver com outros papéis que já representei e nada a ver com quem sou na vida real", disse ela. "Ele tem grande imaginação para enxergar o que um ator é capaz de fazer."

Em seus primeiros papéis em Hollywood, Penelope, por sua beleza marcante, várias vezes representou o par romântico dos protagonistas. Mas, em filmes como "Não se Mova" e "Volver", ela ampliou seu repertório, representando mulheres de espírito independente, e sua beleza contemporânea acabou por prejudicá-la tanto quanto já a ajudou.

Para "Volver", Almodóvar exigiu que a atriz usasse um "bumbum falso" para ficar parecida com as heroínas do cinema italiano dos anos 1950, como Sophia Loren, com corpo cheio de curvas.

Os críticos reagiram com resenhas positivas.

Indagada sobre os rumores sobre o Oscar, Cruz diz que se sente lisonjeada, mas que prefere não falar sobre isso.

"Gosto de ser franca sobre essas coisas, e é claro que um Oscar me deixaria feliz. Não tenho interesse em fazer de indiferente e dizer que não ligo, por isso seria falso."