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19/01/2007 - 13h28
Filmes azarões marcam nova corrida pelo Oscar

Por Arthur Spiegelman

LOS ANGELES (Reuters) - Em termos de trama, o filme "Half Nelson" é mais deprimente que a maioria: seu herói, um professor idealista, se vicia em crack, e seu mundo se desfaz em mil pedacinhos.

Estrelado pelo jovem ator canadense em ascensão Ryan Gosling e a ultratalentosa amadora Shareeka Epps, o filme sombrio custou 1 milhão de dólares e arrecadou míseros 3 milhões.

Apesar disso, ele figura numa lista exclusiva de Hollywood: a dos filmes que são apostas improváveis na disputa pelo Oscar e outros prêmios.

As apostas improváveis são parte tão integral em Hollywood quanto um final feliz na temporada anual de premiações que culmina com os prêmios da Academia.

O ano passado foi ótimo para as apostas improváveis. "Crash -- No Limite" pareceu sair de lugar nenhum para derrotar o comentadíssimo "O Segredo de Brokeback Mountain" e levar o Oscar de melhor filme.

O fato veio demonstrar mais uma vez que a história do Oscar é repleta de vitórias e derrotas surpreendentes, e que as surpresas só acabam realmente quando o último comercial da noite de Oscar acaba de ir ao ar.

Basta perguntar ao antigo vencedor do Oscar Rocky Balboa ou ao elenco de "Shakespeare Apaixonado", que em 1998 venceu o franco favorito "O Resgate do Soldado Ryan" e deixou Steven Spielberg, diretor de "Ryan", com expressão de espanto total estampada no rosto.

Muitos especialistas em Oscar prevêem que Ryan Gosling será indicado ao Oscar de melhor ator, ao lado dos favoritos Peter O'Toole e Forest Whitaker, e, possivelmente, Leonardo Di Caprio, quando os candidatos forem anunciados na terça-feira.

Alguns consideram a possibilidade de Shareeka Epps ser indicada para melhor atriz coadjuvante. Alguns pesos-pesados de Hollywood já disseram que sua performance no papel de uma garota de 13 anos assistindo ao mau comportamento de adultos não é nada menos que estarrecedora.

Jean Picker Firstenberg, presidente do American Film Institute, vê várias possibilidades improváveis na disputa pelo Oscar de melhor filme.

Entre elas estão o drama sobre adultério "Pecados Íntimos", de Todd Field, e "Vôo United 93", de Paul Greengrass, sobre um dos aviões seqüestrados no 11 de setembro.

Os eleitores do Oscar também têm um problema com Clint Eastwood, normalmente um dos nomes mais cotados em Hollywood. Ninguém sabe ao certo o que fazer com uma pequena obra-prima que ele dirigiu: "Cartas de Iwo Jima".

O filme é falado em japonês, estrelado por atores japoneses e conta o lado japonês de uma das batalhas mais brutais da 2ª Guerra Mundial.

Poucas pessoas já viram o filme, mas ele está nas listas dos melhores de muitos críticos e chegou a receber um Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira na última segunda-feira, levando Eastwood a brincar, dizendo que seria bom ele aprender uma língua estrangeira já.


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