04/03/2006 - 13h01 Tempo de Oscar: Favoritos e azarões: façam suas apostas AMIR LABAKI Especial para o UOL Vença quem vencer, o Oscar 2006 passará para a história com uma edição marcada por filmes com saudável consciência social, simbolizado pela presença do politizado Jon Stewart como mestre de cerimônias.
O principal precedente se encontra quase trinta anos atrás, com a safra que concorreu em 1977: "Essa Terra é Minha Terra" (Hal Ashby), "Motorista de Táxi" (Martin Scorsese), "Rede de Intrigas" (Sidney Lumet), "Rocky, o Lutador" (John G. Avildsen), "Todos os Homens do Presidente" (Alan J. Pakula). Ontem, como hoje, triunfou o mais melodramático: "Rocky".
As surpresas deverão ser marginais na cerimônia deste ano. "O Segredo de Brokeback Mountain" é largamente favorito a levar três dos prêmios principais: melhor filme, diretor (Ang Lee) e roteiro adaptado (Larry McMurtry e Diana Ossana). Os prêmios de atriz e ator parecem mesmo destinados a Reese Witherspoon ("Johnny & June") e Philip Seymour Hoffman ("Capote"), com Felicity Huffman ("Transamérica") e Heath Ledger ("Brokeback Mountain") lançando tímidas sombras de dúvida.
Rachel Weisz ("O Jardineiro Fiel") e George Clooney ("Syriana") devem levar os prêmios de coadjuvantes, ainda que com margens menores frente a Michelle Williams ("Brokeback") e Paul Giamatti ("A Luta Pela Esperança") e Matt Dillon ("Crash - No Limite").
A colheita de "Brokeback" deve ficar mesmo em três estatuetas.
Curiosamente, poderá ser superado em número por "Memórias de uma Gueixa", sofrível como drama mas esmerado em técnica, sendo favorito em ao menos quatro categorias (direção de arte, figurino, fotografia e trilha musical).
Dois dos outros concorrentes a melhor filme, "Capote" e "Crash - No Limite", devem se contentar com um Oscar para cada, enquanto "Boa Noite e Boa Sorte" e "Munique" correm o risco de saírem de mãos abanando.
Com a disputa principal envolvendo títulos de performance apenas mediana nas bilheterias e protagonizados por poucas grandes estrelas, é este um Oscar que tenta conquistar em prestígio o que provavelmente perderá em popularidade, traduzida por menores índices de audiência na televisão. A Academia adota para si a estratégia triunfante dos grandes estúdios neste ano, com a consagração de suas unidades de "produção independente".
Por meio da Focus Feature, a NBC Universal bancou "Brokeback" e "Munique". Warner Independent Pictures e Sony Pictures Classics, dispensando explicações sobre as matrizes corporativas, estão por trás respectivamente de "Boa Noite e Boa Sorte" e "Capote". "Crash - No Limite", adquirida para distribuição nos EUA pelo selo de arte Lionsgate, é a única produção independente puro sangue. Seus produtores estão espalhafatosamente brigando, por créditos na produção e dinheiro na conta, nas cortes de Los Angeles. Como fariam se fossem personagens do próprio filme de Paul Haggis.
Tenha neste domingo uma boa noite - e boa sorte. |