Jesse Eisenberg interpreta Mark Zuckerberg, fundador do site de relacionamentos Facebook, em "A Rede Social"
Surpresas,decepções, incógnitas, revelações: a madrugada do Oscar teve todos os elementos de costume. Entre as boas surpresas estão Javier Bardem, Jacki Weaver e Michelle Williams, lembrados por suas atuações em "Biutiful" (melhor ator), "Animal Kingdom" (atriz coadjuvante) e "Blue Valentine" (melhor atriz), respectivamente. Há ainda o lírico "O Mágico", um dos indicados a melhor longa de animação.
Incógnitas, algumas vezes, foram os avessos de boas surpresas - por que Michelle Williams e não seu igualmente excelente companheiro de "Blue Valentine", Ryan Gosling? Por que Annette Bening e não sua companheira de "Minhas Mães e Meu Pai", Julianne Moore? Ou por que Christian Bale e não seu irmão de tela em "O Vencedor", Mark Wahlberg? (A explicação aqui pode estar no folclore do Oscar - porque Bale perdeu uma enormidade de peso para fazer o papel de um viciado em drogas, enquanto Wahlberg foi “apenas” o personagem normal e saudável).
E sobretudo, o que está dando mais assunto para conversa aqui: como um filme complexo como "A Origem", indicado 8 vezes, inclusive para melhor filme e melhor roteiro original, conseguiu se dirigir sozinho, já que Christopher Nolan, pelos votos de seus colegas, não fez um trabalho à altura de Tom Hopper ("O Discurso do Rei"), Darren Aronofsky ("Cisne Negro"), David Fincher ("A Rede Social") e David O Russel ("O Vencedor")? Culpe-se a resistencia da Academia (no caso, do departamento de diretores da Academia) ao cinema da imaginação, sua preferência pelo drama realista de época ou, quem sabe, simples simpatias e antipatias pessoais.
Colin Firth é o rei George 6º em ''O Discurso do Rei''
A revelação é que a corrida, como quase sempre, é entre dois favoritos - mas não os que se pensava, em meados do ano. "A Rede Social" ainda é o filme a ser batido, mesmo com 8 e não 12 indicações do seu único rival verdadeiro, "O Discurso do Rei". "A Origem" encolheu como contendor, e deve se limitar a vitórias técnicas, com boas chances no roteiro (categoria que é o forte de Nolan na Academia - já foi indicado a roteiro original, por "Amnésia" – o que mostra que, para a Academia, ele é sobretudo um roteirista e não um diretor).
São dois filmes de época sobre personagens complicados, antipáticos e anti-sociais, lutando contra um mundo que lhes parece hostil, e assumindo um papel maior do que aquele que lhes parecia destinado – o rei George 6º da Grã Bretanha e Mark Zuckerberg, criador do Facebook. Quem a Academia vai preferir?