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26/02/2007 - 13h58
Oscar para filme de Al Gore reacende boato sobre possível candidatura à presidência

Reuters

O diretor Davis Guggenheim, Al Gore e Melissa Etheridge

O diretor Davis Guggenheim, Al Gore e Melissa Etheridge

HOLLYWOOD, EUA, 26 fev (AFP) - Com o Oscar conquistado por seu documentário ecológico "Uma Verdade Inconveniente", o ex-vice-presidente americano Al Gore reacendeu as especulações sobre uma futura candidatura presidencial e sua capacidade real de mudar a corrente ambiental no panorama político norte-americano.

O democrata reiterou que não tem planos para entrar na corrida presidencial de 2008, oito anos depois de ter sido derrotado pelo atual presidente, George W. Bush, em uma amarga batalha de recontagem de votos que repercute até hoje.

Mas a locomotiva eleitoral do ex-vice-presidente tem cada vez mais força, apoiada em um tema como o aquecimento global, já amadurecido para uma campanha eleitoral, e pelo prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Gore, de 58 anos, fez pouco para acabar com a expectativa quando apareceu no palco ao lado do galã Leonardo DiCaprio para elogiar as "práticas ambientais inteligentes" adotadas na produção da cerimônia do Oscar.

Diante das brincadeiras de DiCaprio sobre se tinha algum outro anúncio a fazer, Gore tirou do bolso um papel e começou a ler um texto iniciado com 'my fellow americans' (estimados compatriotas), típico de um discurso de anúncio de candidatura, mas foi interrompido em seguida pela orquestra que controla o tempo devido a cada orador.

Os dois deixaram o palco aos risos.

Não são poucos os analistas políticos que vêem em Gore um sério candidato de compromisso caso Hillary Clinton, Barack Obama e John Edwards empatem nas primárias do ano que vem.

Para a revista britânica "The Economist", o ex-vice-presidente é uma opção "ideal" para os democratas, com sua oposição antecipada à guerra no Iraque, suas credenciais ambientais e o desejo de acertar as contas com Bush.

"Que melhor forma de varrer a era Bush do que substituí-lo pelo homem que deveria ter sido presidente", ressalta a revista em seu último número.

O ex-presidente e Nobel da Paz Jimmy Carter já afirmou que está tentando com que Gore anuncie sua candidatura.

"Pus tanta pressão sobre Al para que se candidate que praticamente se chateou comigo", disse Carter em entrevista à emissora de TV ABC, divulgada no domingo.

Um interesse tão grande por Gore parecia pouco provável após a campanha do ano 2000, quando ele ganhou a fama de chato, pedante e protagonista de uma das piores campanhas eleitorais nos Estados Unidos.

Mas o sucesso assustador de "Uma Verdade Inconveniente" transformou este homem originário do Tennessee em herói dos verdes, adorado pelos astros de Hollywood e conservacionistas que o chamam de "Goracle" (combinação de seu sobrenome com palavra "oracle", oráculo em inglês).

"Al Gore, astro do rock", redigiu o "Washington Post" abaixo de uma foto do ex-presidente e da cantora de rap Queen Latifah, referindo-se a ele como o "melhor vice-presidente de toda a história".

Gore foi coberto de elogios na cerimônia do Oscar, incluindo um tributo da cantora Melissa Etheridge, que ganhou sua segunda estatueta pela canção "I Need to Wake up", incluída na trilha do documentário.

"Devo agradecer a Al Gore por nos inspirar, me inspirar, por demonstrar que se preocupar com a Terra não é republicano ou democrata, não é vermelho ou azul", declarou.

O sucesso de Gore no Oscar ocorreu apenas duas semanas depois de ele ser ovacionado na cerimônia de entrega dos prêmios Grammy da música, no qual apresentou uma das categorias.

Ele foi visto ao lado dos rappers P. Diddy e Ludacris e recebeu um forte abraço da bela Cameron Diaz na semana passada quando anunciou o plano de celebrar um concerto global em junho que se chamará "Live Earth", uma alusão ao "Live Eight" de 2005.

Politicamente motivado ou não, o certo é que Gore construiu uma ampla base entre os eleitores mais jovens, como co-fundador da Current TV, um fórum de discussão para jovens que pode ser encontrado no site Yahoo! e em várias empresas de TV a cabo.

O Oscar recebido no domingo só aumentará os boatos sobre sua candidatura.

E a locomotiva Gore ainda poderá ganhar mais velocidade caso fature o prêmio Nobel da Paz, para o qual é mencionado com insistência.

Vice-presidente durante o governo de Bill Clinton (1993-2001), Al Gore tem trabalhado para reduzir a expectativa sobre sua possível candidatura.

Apesar de tudo, o "The Economist" citou um ex-guru político de Clinton, James Carville, que reconhece que a crescente pressão para uma candidatura à Casa Branca é algo difícil de resistir para a maioria dos políticos.

"Para eles serem candidatos a presidente é como fazer sexo para as pessoas normais", compara. "Não é algo que se fará uma única vez se você tiver alguma opinião sobre o assunto", conclui.
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