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Ficha completa do filme

Aventura

Acquaria (2003)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
Acquaria

Apesar de ter sido lançado no cinema com ampla campanha publicitária e grande número de cópias, este filme foi fracasso de bilheteria, por várias razões: 1) não trazia o que público da dupla esperava; 2) a popularidade deles já estava em baixa; 3) a campanha foi confusa e não dava idéia do que se tratava; 4) o filme apesar de bem realizado não satisfaz o espectador.

Ainda assim nunca se tinha visto no cinema brasileiro um filme com um acabamento digital tão intenso (eles dizem que é cerca de 80% do filme, a gente fica achando que é o filme inteiro). E uma direção tão precisa, tão competente (da estreante em longa Flávia Moraes).

Ele foi vendido como o nosso "Star Wars", quando na verdade está mais próximo de "Robinson Crusoe". Ou seja, não é uma fita de batalhas espetaculares mas uma história com três ou quatro personagens centrais, perdidos no meio do deserto (locações no Chile), lutando para sobreviver à falta de água (o filme pretende ter uma mensagem ecológica denunciando a crise da falta d'água que se preconiza para breve). Embora a água nunca chegue a ser um problema dentro do roteiro (ninguém passa sede de forma grave, a criação de uma máquina que fabrica água serve apenas para os bandidos atacarem de vez em quando).

Na verdade, como na maior parte dos filmes brasileiros ou mesmo americanos, o grande problema é do roteiro. É muito louvável terem feito uma fita de ficção científica/ fantasia, passada num futuro distante em vez do "arroz com feijão", que se esperava da dupla Sandy e Junior (ambos aqui com o nome completo).

Ou seja, este não é um típico filme caça-níqueis da Xuxa, com aqueles efeitos especiais patéticos. E que por sinal até andaram fazendo algumas coisas do gênero (tipo "A Princesa Xuxa e os Trapalhões"). O dinheiro gasto está lá na tela, evidente e espantoso. Mas é muita parafernália para uma trama muito evidente (as surpresas são óbvias e anticlimáticas) e até meio frustrante (no caso da história de amor mal resolvida).

Além de que o filme não tem cara de brasileiro e por isso provoca comparações com outros semelhantes, americanos. E resulta ingênuo. Eventualmente a jovem Sarah terá um flerte passageiro com Orciollo (Sandy sabe usar sua graça juvenil e seu tipo mignon, até numa cena de semi-nudez).

Mas o fato é que durante mais de uma hora pouca coisa acontece (perde-se um tempo enorme para mostrar as gracinhas do cachorro). Fica-se vivendo o cotidiano do pequeno grupo, com raras incursões externas (às vezes para visitar um mago que vive num cubo esquisito, feito com muito carisma por Milton Gonçalves).

Ou seja, a fita se arrasta e quase aborrece (tudo é tão precisamente dirigido, a direção de arte é inspirada, os efeitos são sempre bem feitos e a fotografia de Lauro Escorel é excepcional que quase conseguem esconder essa evidência).

Para frustração dos fãs da dupla, o filme tampouco é um musical, apesar de alguns poucos momentos onde eles cantarolam um pouco (com a exceção de apenas um número que parece ser feito para ser usado como videoclipe, que é justamente a visão da cidade mítica que dá título ao filme. O único momento que tem certa produção musical, o resto é com canções banais e medíocres).

Portanto não basta ter uma direção competente e uma produção milionária, sem uma história que interesse e convença. Faz a gente lembrar daquele velho ditado gaúcho, "é vela demais para pouco defunto".

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