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Ficha completa do filme

Comédia Romântica

Começou em Nápoles (1960)

Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Colaboração para o UOL 20/08/2010
Nota: 2
Começou em Nápoles

Melville Shavelson (1917 - 2007) foi um roteirista novaiorquino de certo prestígio em meio aos cineastas do terceiro ou quarto escalão Hollywoodiano (Norman Taurog, por exemplo). Especialista em comédias descompromissadas e desprezadas por críticos, estreou na direção em 1955 com "Um Coringa e Sete Ases". Cinco anos e quatro filmes depois, realizou este veículo para que Clark Gable e Sophia Loren destilem charme e carisma na tela.

É o que Hollywood não se cansa de fazer, e o que vemos até hoje no cinema, como o recente "A Riviera Não é Aqui" nos mostrou mais uma vez: filme turístico sobre um personagem que inicialmente odeia o que é mais forte e característico de um lugar, para durante a projeção ir se afeiçoando por habitos e costumes que ele antes desdenhava nesse mesmo lugar, chegando ao ponto de não querer mais voltar. Tudo bem previsível como manda a fórmula.

Podemos dizer que o filme é bem sucedido ao mostrar Loren no auge de sua beleza, e extrair dela uma ótima interpretação. Ela faz muito bem a libertina Lucia, que canta em um animado cabaré.

Mas a escalação de Clark Gable, já com 58 anos, para o papel de um homem de negócios americano que se apaixona pela tia italiana do filho de seu irmão é um problema, ainda mais porque ele vai se envolver com a tia, que por acaso é a tal cantora do cabaré, bem mais nova que ele.

O maior achado é Marietto, ator-mirim que interpreta o garoto de oito anos, motivo pelo qual Gable viaja a Napoles. Impressionante que esse menino não tenha desenvolvido uma bela carreira. Ele é a alma do filme, com sua esperteza para ganhar uns trocados, a preguiça de ir à escola e o hábito de fumar.

Mas o centro do filme é o romance improvável entre Loren e Gable, e a má escolha do papel masculino atrapalha bastante nossa empatia com esse romance. Soma-se a isso uma certa falta de jeito do diretor na hora de posicionar a câmera (a cena final é um claro exemplo disso, mas existem outros) e temos um filme de fórmula que falha por não ser bem executado, embora não falhe tanto assim por permitir o brilho de alguns atores - além de Loren e do menino Marietto, Vittorio De Sica é uma presença marcante.

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