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Ficha completa do filme

Drama

E O Vento Levou - Edição de Colecionador (1939)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
E O Vento Levou - Edição de Colecionador

Finalmente sai em uma edição definitiva _a melhor já feita de um filme clássico_ de "E o Vento Levou", um dos mais queridos filmes de todos os tempos.

Durante décadas "E o Vento Levou" foi considerado o filme de maior bilheteria de todos os tempos; na verdade, se hoje forem feitos os cálculos de inflação, aumento de população e preço dos ingressos, ainda deve manter o posto.

Certamente o filme é o que de mais impressionante e notável Hollywood já produziu. O mais curioso é que "E o Vento Levou" não é obra de um único diretor ou um grande estúdio. Foi criado, produzido e finalizado por um produtor independente, David O Selznick (1902-65), e o estúdio Metro só ficou com os direitos de distribuição porque o público exigiu que Clark Gable, astro do estúdio, fizesse o papel central.

"E o Vento Levou" surgiu primeiro como livro best-seller, de Margaret Mitchell, uma senhora de Atlanta, Geórgia. Selnizck comprou os direitos autorias e realizou uma longa campanha publicitária na qual procurava os atores ideais para os personagens.

Fora a escolha de Gable, as de Olivia de Havilland e de Leslie Howard foram tranqüilas. O problema foi encontrar alguém para a personagem central, Scarlett O´Hara. Houve dezenas de garotas testadas, entre elas, Katharine Hepburn, Jean Arthur e, a favorita, Paulette Goddard. Mas a escolhida foi uma inglesa desconhecida que estava em Hollywood com o namorado Laurence Olivier e foi assistir à filmagem da primeira cena, o incêndio de Atlanta, interpretada por dublês.

A escolha de Vivien Leigh não podia ser mais acertada; Scarlett se tornou inesquecível. Coquete, fútil, vaidosa, ela também é uma mulher de uma força inquebrantável, capaz de tudo, até enfrentar soldados inimigos para defender sua família e sua casa da fazenda Tara. É capaz de tudo, até mesmo de se casar três vezes sem amor. Mas, mesmo sendo tão esperta, é também cega, não é capaz de reconhecer e conservar o verdadeiro amor de sua vida, Rhett Butler.

Embora assinado por Victor Fleming, o filme foi dirigido por vários diretores, como o diretor de arte William Cameron Menzies, Sam Wood e George Cukor, que deu início às filmagens, mas foi dispensado a pedido de Gable, que teria se incomodado com o fato de Cukor ser homossexual e ser conhecido como grande diretor de mulheres; ele continuou aconselhando Vivien e Olivia secretamente.

Mas foi Selznick quem deu o formato definitivo ao filme, brigou com a censura para usar uma palavra proibida na frase "Frankly, my dear, I don't give a damn" e fez o filme mais longo do cinema até então, com 222 minutos.

"E o Vento Levou" foi premiado com os Oscar de filme, atriz (Vivien), direção (Fleming), atriz coadjuvante (Hattie McDaniel), roteiro adaptado, direção de arte, fotografia colorida, montagem e o prêmio Thalberg para Selznick (além de outro, especial, para o diretor de arte William Cameron Menzies). Curiosamente Gable não ganhou o Oscar e perdeu para Robert Donat por "Adeus, Mr. Chips".

Quando os direitos autorais do livro estavam prestes a cair em domínio público, o filme teve uma continuação feita para a TV em 1994, chamada "Scarlet", com Joanne Whaley e Timothy Dalton.

Selznick passou o resto de sua existência fazendo filmes para sua mulher Jennifer Jones e tentando provar para o mundo que ele era algo além do responsável pelo sucesso mundial de "E o Vento Levou" -o que não é pouco. O maior feito dele foi a escolha do elenco. Não há risco em afirmar que o filme não resistiria sem Vivien, uma das mulheres mais lindas e sensuais do cinema. E Gable é o Rhett Butler ideal.

Se o filme tem alguma falha, é tentar nos convencer de que Scarlett seria capaz de ficar apaixonada por Ashley tanto tempo (especialmente porque o personagem é feito pelo feioso, inexpressivo e pálido Leslie Howard). Ninguém se conforma com a cegueira de Scarlett quando o marido Rhett -de tão evidente virilidade- está apaixonado por ela, e a heroína insiste em perseguir o outro, casado com sua melhor amiga (Olivia De Havilland, irretocável como a benevolente Melanie).

Há problemas também com o alívio cômico que parece excessivamente marcado em algumas cenas. Mas nada disso atrapalha o encanto do filme que resistiu a tudo, até versões ampliadas para 70 mm, cortando partes da imagem, provavelmente por causa da força do personagem de Scarlett, mimada, extravagante, cínica e indomável.

Algumas cenas são inesquecíveis: ela subindo as escadas enquanto se espalha a notícia do começo da guerra, a chegada da lista dos mortos, a despedida de Scarlett e Rhett nas proximidades de Tara, os antológicos travellings que encerram a primeira e a segunda partes, a imagem que se abre para mostrar os feridos na estrada de ferro. Também é marcante a trilha magistral de Max Steiner.

Como grande parte dos melhores e mais populares filmes, "E o Vento Levou" tem final infeliz. Mas, para os espectadores do mundo inteiro, o que parecia ser um final triste se tornou uma mensagem de esperança. Porque, como diz Scarlett, "amanhã é outro dia!".

Edição excepcional em DVD traz nos discos 1 e 2 o filme restaurado com trilha de comentários do historiador Rudy Behlmer (sem legendas); no disco 3, há um ótimo making of com 124 minutos, documentário sobre a restauração, noticiário da época mostrando o lançamento do filme em Atlanta, cenas da comemoração do centenário da Guerra Civil em Atlanta, prólogo internacional do filme, curta-metragem "The Old South", dirigido por Fred Zinnemann, trechos das versões dubladas em alemão, francês e italiano (tudo legendado), trailers (sem legendas); no disco 4, há os documentários "Gable: Relembrando o Rei", "Vivien Leigh: Scarlett e Muito Mais", "Melanie Relembra: Observações de Olívia de Havilland" (uma encantadora apresentação da única sobrevivente do elenco), "Os Atores Coadjuvantes "(tudo legendado). Traz ainda um bonito livreto reproduzindo o programa original distribuído nos cinemas em 1939.

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