Espíritos Indômitos (1950)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Brando ficou famoso na Broadway, mas recusou muitos convites para o cinema, porque desejava começar com projetos sérios e ambiciosos e não fitas de estúdio.

Por isso escolheu esta produção até modesta, mas feita por nomes de respeito como o produtor Stanley Kramer, na época o único que fazia filmes sobre problemas e dramas realistas. O diretor também estava perto de seu auge logo depois (com "A Um passo da Eternidade").

Mas não espere muitos de seus maneirismos ou trejeitos nesta fita originalmente da Columbia. Brando estréia bem no cinema, discreto mas carismático, nesse drama sóbrio e contundente sobre a vida dos soldados que voltam paraplégicos da guerra, que não deixa de lembrar "Os Melhores Anos de Nossas Vidas" (até pela presença de Teresa Wright).

O produtor Kramer era especialista neste tipo de filme com mensagem social, o roteiro é de Carl Foreman, uma das futuras vítimas da lista do McCarthismo, e não foge dos clichês (o rebelde que acaba se ajustando, o paciente modelo que morre, o médico com um drama pessoal no passado, a namorada que vacila, os pais dela que condenam o relacionamento).

Mas a segurança da direção de Zinneman e o bom elenco dão credibilidade ao filme. Além disso, a autenticidade (pequenos papéis e figuração são feitos por pacientes do Birmingham Veterans Administration Hospital, onde Brando também se internou para conhecer a vida deles) torna o filme muito documental e bem acima da média do gênero. Com cópia de boa qualidade.