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Ficha completa do filme

Musical

Grease - Nos Tempos da Brilhantina (1978)

Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Colaboração para o UOL 07/01/2011
Nota: 2
Grease - Nos Tempos da Brilhantina

Esta edição especial de ''Grease'', com dois DVDs, pode ser um belo presente para os fãs do filme, que parecem ser numerosos: trata-se do filme musical de maior bilheteria de todos os tempos. O cardápio de extras é farto. Há um documentário de 22 minutos sobre as filmagens, comentário do diretor Randal Kleiser e da coreógrafa Patricia Birch, cenas excluídas,entrevistas antigas com John Travolta e Olivia Newton John, um diálogoentre ela e o produtor Robert Stigwood, a cobertura da festa de lançamento do filme em DVD, em 2002, e até curtas sobre os penteados das atrizes e os carros customizados que os garotos do filme preparam para tirar rachas. Mas o melhor mesmo é uma série de clipes apenas das cenas musicais, com as letras das canções para o espectador acompanhar. Todo DVD de filme musical deveria vir com um desses.

Quem nunca viu o filme, no entanto, pode se decepcionar. Não é nenhuma maravilha. Chega a ser patética a liderança comercial de ''Grease'' num gênero em que o cinema americano havia atingido, décadas antes, um consagrado padrão de excelência. O filme, versão de uma peça teatral, é gritantemente mal dirigido por Kleiser (que faria em seguida outra famosa bomba trash, ''A Lagoa Azul'') e as coreografias seguem a lógica de bagunçar para disfarçar, porque, a rigor, quase ninguém em cena dança bem. É comum a tela se encher de multidões, com cada pessoa fazendo seu passinho diferente.

A história e o elenco se organizam em três grupos: os meninos, as meninas e os velhos (vários bons comediantes veteranos fazendo papéis pequenos). A rigor, só os meninos dançam, em geral como coristas em torno do astro Travolta, que vinha de um enorme sucesso (inclusive de crítica): ''Os Embalos de Sábado à Noite'', drama metido a sério com uma trilha musical de arrasar.

Em ''Grease'', na verdade, Travolta está bem mais tragável do que em ''Embalos'', já que parte logo para a gozação de seu personagem galã, fazendo uma espécie de paródia dos trejeitos do comediante Jerry Lewis (que aparece rapidamente num trailer exibido no drive-in frequentado pela turma). O filme todo, aliás, acaba sendo moderadamente divertido porque assume seus aspectos amadorísticos como ''defeitos especiais'' incorporados ao tom de sátira. Assim nem parece estranho que os personagens, adolescentes de cerca de 17 anos, sejam interpretados por atores decididamente maduros. O papel de Sandy, a garotinha virginal, é feito por Olivia Newton John, que tinha 30 anos, e o da ''bad girl'' Rizzo ficou com Stockard Channing, com nada menos que 33.

''Grease'' pretende satirizar musicais antigos classe B, principalmente os da série da Turma da Praia (início dos anos 60), estrelados por Annette Funicello e Frankie Avalon. Os garotos de ''Grease'' comentam o volumoso busto de Annette, e Frankie em pessoa aparece numa sequência de sonho cantando o número ''Beauty School Dropout''. A novidade, que dá ao filme certa distinção, é que, apesar de evocar uma suposta época de inocência, os personagens falam em camisinha, menstruação, gravidez e sexo grupal, fazem gestos ''obscenos'', e empregam a ''mão boba'' etc.

A história é basicamente sobre os conflitos de todo os personagens entre serem anjinhos ou diabinhos. Os protagonistas, Danny Zuco (Travolta) e Sandy (Olivia), se conhecem e se apaixonam castamente durante as férias e se reencontram inesperadamente na escola, onde Zuco tem que manter a fama de mau. Aos poucos, ele vai amolecendo e ela ganha ares de mulher fatal, mas continua sendo uma garota completamente insossa.

Claro, sempre há as músicas para salvar a lavoura. Pelo menos algumas. Curiosamente, duas das melhores canções foram compostas especialmente para o filme e só depois incorporadas a novas montagens da peça. A música tema, que embala o desenho animado com os créditos de abertura, foi composta por Barry Gibb, dos Bee Gees, o Midas da trilha de ''Os Embalos de Sábado à Noite'' ; quem canta é Frank Valli, ex-vocalista do grupo Four Seasons, sucesso pop dos anos 50. A outra inédita de qualidade é ''You're the One that I Want'', dueto de Travolta (que tinha uma voz de falsete boa para rock) e Olivia, com participação do resto dos ''jovens'' do elenco.

Também feita para o filme é ''Hopelessly Devoted to You'', solo xaroposo de Olivia. Fora essas, o grande hit que já vinha do palco é a famosa ''Summer Nights'', também cantada por Dany, Sandy e todos os seus amiguinhos. Como bônus, participa da festa de formatura da escola a banda Sha-Na-Na (no papel de ''Johnny Casino and The Gamblers''), que se apresentou em Woodstock e tinha repertório e visual dos anos 50. Era uma espécie de Ramones sem a crueza.

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