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Ficha completa do filme

Drama

O Homem que Não Vendeu sua Alma (1966)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
O Homem que Não Vendeu sua Alma

Parece extremamente oportuno -- nessa época em que os homens públicos têm pouca ou nenhuma preocupação com a verdade, a consciência ou os escrúpulos -- rever este multipremiado drama histórico baseado na famosa disputa entre Sir Thomas More (ou Morus) e o rei Henrique 8º, da Inglaterra.

A trama se baseia justamente na força necessária para se contrapor a um governante déspota ou a um ambiente de interesses que estimula a ambição e a adulação. More (feito pelo grande ator de teatro Paul Scofield), popular e amigo do rei, se recusa a prestar o juramento que daria seu importante apoio à separação entre a Inglaterra e a Igreja Católica. Henrique 8º havia tomado essa decisão para poder se divorciar de sua primeira esposa, Catarina de Aragão, devota e inteligente, mas que não lhe deu um filho homem. O objetivo do monarca era se casar com a bela Ana Bolena (uma pequena participação especial de Vanessa Redgrave, pela qual ela não aceitou pagamento). O episódio resultaria no surgimento da Igreja Anglicana.

More luta, então, para sobreviver e proteger sua família do furacão provocado por sua rebeldia. É necessário relevar as liberdades tomadas com os acontecimentos históricos e, em especial, o retrato idealizado de More. O filme ignora seu fanatismo religioso, que pregava o ódio aos protestantes, suas reservas em relação ao papado, sua defesa da morte na fogueira para os hereges, sua participação ativa nas intrigas palacianas do dia-a-dia (mesmo assim a Igreja Católica o canonizou). No filme, ele é um símbolo de integridade e crença na força da fé e da consciência.

Baseado em peça teatral de Robert Bolt, que também fez o roteiro, o filme tem pouca movimentação e se baseia no cuidadoso diálogo, dando oportunidade para as grandes atuações de Scofield (que lhe deu um merecido Oscar), Wendy Hiller (como a esposa de More, Alice) e Robert Shaw, ambos indicados como coadjuvantes, além de John Hurt, Leo McKern, Susannah York e Orson Welles, que aparece rapidamente no começo como o cardeal Wolsey. Na cerimônia do Oscar, ganhou os prêmios de melhor filme, direção, roteiro adaptado, fotografia e figurino. A direção é do sempre competente Fred Zinnemann, o mesmo de "A Um Passo da Eternidade".

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