Por muitos anos, Kurosawa pensou em fazer essa adaptação de "Rei Lear" de Shakespeare. Como de costume, desenhou o filme antes, plano a plano, imagem por imagem, como se fossem pinturas (o filme ganhou o Oscar de Figurino e foi indicado a Fotografia, Diretor e Direção de Arte).
O resultado foi sua última obra prima, um filme magnífico. Ran significa desordem, caos. Na adaptação, Kurosawa mudou o sexo dos personagens. Agora são três filhos, e por conseqüência, o maior vilão é a uma mulher que procura vingança.
Os primeiros 45 minutos são de uma secura intencional (imagens acadêmicas e estáticas, até difíceis de suportar). Mas sucede então a mais bonita cena de batalha da história do cinema: cinco minutos onde só se escuta música enquanto mostram imagens brilhantes, de tirar o fôlego.
Dali em diante, o ritmo melhora. O personagem da mulher vingativa é extraordinário e o final é emocionante. Toda a condição humana é dissecada nesta simples cena final.