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31/08/2006 - 14h49
"A Dama na Água" revela a fantasia no cotidiano; assista ao trailer e veja fotos

Divulgação

Bryce Dallas Howard protagoniza o suspense de M. Night Shyamalan

Bryce Dallas Howard protagoniza o suspense de M. Night Shyamalan

HOLLYWOOD (Hollywood Reporter) - A mais recente investida do roteirista e diretor M. Night Shyamalan (de "O Sexto Sentido" e "Sinais") na seara da paranormalidade pode ser conferida em "A Dama na Água", que entra em cartaz nesta sexta-feira.

A trama interpõe fatos extraordinários e corriqueiros num condomínio erguido em volta de uma piscina num subúrbio da Filadélfia. No local, aparecem seres de uma história infantil.

Trabalhando com um elenco talentoso e um design visual forte criado pelo diretor de fotografia Christopher Doyle, Shyamalan consegue criar um clima de suspense e ameaça.

Mas falta aquela magia que poderia nos transportar da realidade para a fantasia. Os detalhes do conto de fadas são escassos e complexos demais para inspirar confiança.

O ator Paul Giamatti é Cleveland Heep, um sujeito que se esconde da vida trabalhando como zelador do condomínio Cove Apartments. Ele começa a desconfiar que alguém nada na piscina à noite, o que é contra os regulamentos. Quando persegue o invasor, Cleveland cai na piscina e é resgatado por uma mulher que lembra uma ninfa (Bryce Dallas Howard). Ela diz se chamar Story e afirma ser do mundo das águas e estar sendo perseguida por seres ferozes.

Uma das inquilinas, uma coreana (June Kyoko Lu), relata a Cleveland uma "história do Oriente" que se enquadra com os particulares da situação. Story seria um ser das águas conhecido como "narf", e seu adversário feroz é um "scrunt", espécie de cruzamento entre uma hiena e um javali. Embora não saibam disso, vários humanos que vivem na região onde a narf aparece teriam poderes que lhes possibilitariam protegê-la e ajudá-la a chegar a seu destino.

Cleveland, que acredita piamente na história, procura entre os moradores do complexo quais são os que se encaixariam nos papéis necessários. Seu mentor relutante é o inquilino mais novo, Mr. Farber (Bob Balaban), um cínico crítico de cinema e livros que, pelo fato de conhecer todas as tramas e os personagens possíveis, imagina que será capaz de identificar os candidatos óbvios.

Será que o sr. Dury (Jeffrey Wright), um pai amoroso que gosta de fazer palavras cruzadas, é o Intérprete dos Sinais? E a sra. Bell (Mary Beth Hurt), que gosta de animais, pode ser a Curandeira? Uma coisa curiosa em todos eles é que, quando Cleveland os aborda como sua história sobre narfs e scrunts, nenhum deles o olha com espanto e pensa que ele precisaria ser internado num hospital psiquiátrico.

O filme em nenhum momento dá aquele passo para dentro do guarda-roupa, como fez mais recentemente "As Crônicas de Narnia". Esta história infantil não chega a convencer o espectador, e os objetivos das forças opostas são muito vagos. Se a narf é um ser aquático, então por que ela deve ser resgatada por uma águia? Se o simples aparecimento de Farber consegue impedir um ataque iminente do scrunt, então por que o scrunt ataca Farber na próxima vez em que o vê pela frente?

Paul Giamatti está ótimo como o ser atormentado cuja vida tristonha pode ganhar novo ânimo com esse contato estreito com a narf. Bryce Dallas Howard faz um ser sedutor e belo, mas o papel é mais efêmero do que aquele que ela representou em "A Vila", também de M. Night Shyamalan.

Os outros atores estão maravilhosos, mas Cindy Cheung se destaca como alguém que também vive em dois mundos paralelos, embora ambos sejam humanos: a casa tradicional de sua mãe, e a vida americana à qual ela tão prontamente adere.

Resumindo: um mundo de conto de fadas existe dentro do cotidiano, mas a maior parte de sua magia continua trancada na cabeça de M. Night Shyamalan.


31/01/2013