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O cinema deve se abrir a todas as religiões, dizem produtor e diretora de ''Aparecida - O Milagre''

Murilo Rosa, Tizuka Yamazaki, Leona Cavalli e Bete Mendes no set de "Aparecida - O Milagre" - Folhapress/ Letícia M.
Murilo Rosa, Tizuka Yamazaki, Leona Cavalli e Bete Mendes no set de "Aparecida - O Milagre" Imagem: Folhapress/ Letícia M.

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

19/12/2010 07h03

Num primeiro momento, fazer um filme sobre a Padroeira do Brasil parece um investimento sem risco de erro. Afinal, estamos em um dos maiores países católicos do mundo e religião atrai as pessoas, como provaram “Chico Xavier” e “Nosso Lar”, que fizeram mais de 7 milhões de ingressos. Mas, ainda assim, o produtor Paulo Thiago e a diretora Tizuka Yamasaki, responsáveis por “Aparecida – O Milagre”, sabem que com bilheterias de cinema não se brinca.

“Os espíritas são mais militantes do que os católicos”, opina a diretora, em entrevista ao UOL Cinema. “Mas, oficialmente, existem mais católicos no Brasil. Resta saber se eles vão assumir o filme e ter orgulho de serem católicos”. Para ela, as pessoas perderam a fé religiosa mas estão recuperando. “Vivemos uma época em que as pessoas buscam uma ajuda na religião”.

Ao final do longa, um letreiro diz que todos os anos, cerca de 9 milhões de pessoas visitam a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. Por isso Thiago e Tizuka têm alta expectativa sobre a parcela dessas pessoas que irão ao cinema ver o filme. Mesmo assim, o produtor garante: “Não será frustração se o filme não fizer a mesma bilheteria que os espíritas”. Para Thiago, o cinema deve se abrir para todas as religiões. “Se vier um filme evangélico, também será benvindo”.

Mesmo dizendo não ser devota da santa, Tizuka disse que sempre soube ser a pessoa certa para fazer o filme. “Quando soube que estavam fazendo um filme sobre Nossa Senhora Aparecida, eu me ofereci para dirigir. Não tem outro diretor melhor para fazer o longa. Ou eles são comunistas ou hippies”, arrisca. Ela conta que o cinema lhe serve para aprender sobre a vida. “Eu tenho uma história com a santa. Ela já me deu vários sinais ao longo da vida. Mas esse era um assunto que eu não conhecia a fundo. Essas incógnitas são o que me atrai”.

O filme, que chega aos cinemas na próxima sexta, traz Murilo Rosa, Maria Fernanda Cândido e Leona Cavalli nos papéis centrais. “A data para lançamento do filme foi escolhida por questões mercadológicas. Não estava pronto para o dia 12 de outubro [dia da Padroeira]. E esperar até esse dia no ano que vem seria muito tempo”, explica a diretora.

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Com “Aparecida – O Milagre”, Tizuka define aquilo que chama de “filme popular comercial”. Em outras palavras: “Visamos atingir o grande público, fazemos um cinema de comunicação, mas nem por isso quer dizer que é tosco, mal feito”. O longa deve chegar aos cinemas com cerca de 300 cópias e já tem mobilizado não apenas fiéis, mas também religiosos. “Fico feliz que o filme esteja tocando as pessoas. Essa é a nossa ideia”.

Ela também admite que não temeria fazer filmes sobre outras religiões, desde que o roteiro a interessasse. “Já fiz filmes sobre budismo, religiões afro-brasileiras... A variedade de assuntos me atrai, não gosto de ficar me repetindo”, explica a diretora, que em seu currículo também tem filmes como “Lua de Cristal”, “Xuxa em O Fantástico Mistério de Feiurinha” e “Gaijin – Os caminhos da liberdade”.