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''O mais difícil foi achar um ritmo'', diz montador brasileiro que trabalhou em ''Inverno da Alma''

Affonso Gonçalves, montador brasileiro que trabalhou no filme ""Inverno da Alma"" - Divulgação
Affonso Gonçalves, montador brasileiro que trabalhou no filme ''Inverno da Alma'' Imagem: Divulgação

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

11/01/2011 07h00

Quando o brasileiro Affonso Gonçalves conheceu a diretora Debra Granik num laboratório promovido pelo Sundance Institute, eles ficaram amigos e combinaram que um dia trabalhariam juntos. Demorou dez anos mas valeu a pena esperar, já que a dupla se reuniu nada menos do que no premiado drama “Inverno da Alma”. Indicado a vários Independent Spirit Awards e um Globo de Ouro, o longa é uma das apostas certas no Oscar 2011.

Quando começou o trabalho, Gonçalves sabia que estava diante de um grande filme, mas também um desafio na mesma medida. “O roteiro mencionava um número enorme de caminhadas [da personagem central à procura de seu pai]. Havia cenas sem diálogo algum. E as cenas com diálogos, que na maior parte são exatamente como no livro, usam uma linguagem específica da região, o que às vezes era difícil de compreender”, disse em entrevista ao UOL Cinema.

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“O mais difícil foi achar um ritmo, um tom certo para contar essa história. Eu e a Debra tentamos montar o filme num ritmo mais acelerado, mas não dava certo. Daí optamos por algo mais lento, mais quieto, mesmo assim sem perder a tensão e o suspense”. No filme, a personagem central – uma adolescente interpretada por Jennifer Lawrence – precisa encontrar seu pai, um foragido da lei, para que ela, seus irmãos menores e sua mãe com problemas emocionais não percam sua casa. O filme foi premiado em Berlim e no Festival de Sundance de 2010 e tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros no dia 28 de janeiro.

  • Divulgação

    Cena do filme ''Inverno da Alma'', dirigido por Debra Granik

O paulistano Gonçalves conta que mora fora do Brasil há 20 anos. Ele estudou em Londres e Los Angeles e mora em Nova York, onde trabalha como montador. Confessa que o maior desafio em sua carreira é manter-se empregado. Ele já montou filmes como “Provocação” (2005) e alguns segmentos do coletivo “Nova York, eu te amo” (2009). “Morando em Nova York, vê-se que os filmes aqui são bem menores, bem mais baratos, e não existe nenhuma garantia que assim que você terminar um trabalho vai ter outro em seguida.

Atualmente, o montador trabalha na montagem de uma minissérie assinada por Todd Haynes (“Não estou lá”, “Longe do paraíso”), que traz Kate Winslet no papel-título, chamada “Mildred Pierce” e que será exibida na TV a cabo. “A série é baseada num livro de mesmo nome escrito por James M. Cain. Já foi feito um longa em 1945 chamado ‘Alma Em Suplício’, que deu a Joan Crawford o Oscar de melhor atriz”.

Apesar de morar e trabalhar nos EUA, Gonçalves não descarta trabalhar com cineastas brasileiros. Seu “dream team” de parcerias sonhadas inclui Walter Salles, Fernando Meirelles, Beto Brant, além dos americanos Terrence Malick, David Lynch, o mexicano Alfonso Cuarón, o italiano Paolo Sorrentino e o francês Olivier Assaya.