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Aposta do Festival de Berlim, "El Premio" vê a ditadura sob a perspectiva de uma criança

Atriz Laura Agorreca, a diretora Paula Markovitch, a atriz Viviana Suraniti e, na primeira fileira, Sharon Herrera e Paula Galinelli Hertzog participam do Festival de Berlim com ""El Premio"" (11/02/2011) - Getty Images
Atriz Laura Agorreca, a diretora Paula Markovitch, a atriz Viviana Suraniti e, na primeira fileira, Sharon Herrera e Paula Galinelli Hertzog participam do Festival de Berlim com ''El Premio'' (11/02/2011) Imagem: Getty Images

ALESSANDRO GIANNINI

Enviado especial a Berlim

11/02/2011 14h35

A máxima diz que filmes com crianças são muito difíceis de fazer, por várias razões que vão desde a escolha de um ator mirim poderoso até a logística empregada para filmar os pequenos. Mas são filmes que encontram a simpatia de júris em festivais e do público quando chegam ao circuito comercial. "El Premio", da diretora estreante argentina Paula Markovitch, mais um concorrente ao Urso de Ouro exibido nesta sexta (11), se encaixa no perfil. Semi-autobiográfico, conta a história de Cecília (Paula Galinelli Hertzog), uma garotinha de 7 anos que se refugia com a mãe em uma praia do litoral argentino.

Não é difícil entender que estamos no período da Ditadura argentina. A menina é enviada para a escola pública local, a fim de manter uma vida normal. E, ao participar de um concurso promovido pelo Exército argentino nas escolas públicas do país, ela coloca a mãe e a si mesma em uma situação muito difícil.

O filme de Markovitch, uma frequentadora habitual da Berlinale na condição de roteirista, é uma das apostas da comissão organizadora, embora seja difícil de seguir por conta de uma narrativa irregular e pouco coesa. Minimalista do ponto de vista estético, investe tudo na pequena atriz. A câmera a segue por onde quer que vá e sua sensação de estar perdida no mundo, sem saber por que está longe do pai e do resto da família parece muito autêntica e real. A diretora disse que, para fazer o filme, contou o pano de fundo histórico para a menina, poupando-lhe apenas os detalhes mais crueis. Talvez essa seja a chave dessa atenticidade.

Inevitavelmente, Markovitch foi instada a responder questões sobre a atual situação do Egito, como se as duas ditaduras tivessem semelhanças inevitáveis e incontestáveis. Elegantemente, a cineasta respondeu que "não está apta a falar do Egito porque não conheço a situação profundamente". Mas ainda completou: "Sei apenas que todas as dituaduras são nocivas e devem ser combatidas em qualquer parte do mundo".