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Bem humorada, Isabella Rossellini faz um elogio à maturidade em "Late Bloomers"

A atriz Isabella Rossellini, presidente do júri da mostra competitiva do Festival de Berlim (10/02/2010) - Getty Images
A atriz Isabella Rossellini, presidente do júri da mostra competitiva do Festival de Berlim (10/02/2010) Imagem: Getty Images

ALESSANDRO GIANNINI

Enviado especial a Berlim

17/02/2011 18h44

Além de presidente do júri da mostra competitiva do Festival de Berlim, a atriz italiana Isabella Rossellini é protagonista de um dos filmes da paralela Berlinale Special. Em "Late Bloomers", exibido para a imprensa  no início na noite desta quinta (17), ela faz o papel de Mary, uma mulher que começa a sentir os sinais da velhice e tenta se adaptar à nova condição procurando se cuidar e estabelecer uma meta social.

Dirigido por Julie Gavras ("A Culpa É do Fidel"), o filme atraiu a simpatia dos jornalistas e transformou Rossellini em uma atração à parte na entrevista coletiva que se seguiu à sessão. "Eu quero ter a minha idade", disse ela ao ser questionada sobre como se sente em relação à questão que o filme coloca. "Quero ser sofisticada, elegante, me vestir bem. Acho um pouco insultante quando as pessoas me dizem que eu pareço mais jovem. É como quando veem o meu filho, que é negro, e dizem para mim:  'Mas você é tão branca'. Acho isso um insulto."

No filme, Mary é casada com Adam (William Hurt), um famoso arquiteto que começa a questionar seu próprio trabalho quando é obrigado pelos sócios a aceitar fazer o projeto de um asilo para a terceira idade. Contrariado, ele reúne uma equipe de jovens arquitetos que se voluntariam a trabalhar no projeto de um museu. Paralelamente, o processo de aceitação da esposa e o de negação do marido cria um ruído forte no casal. Há ainda o personagem de Nora, a excêntrica avó materna, que funciona como a voz da consciência para os dois.

Comédia dramática muito bem dirigida e interpretada, "Late Bloomers"
tem entre suas qualidades a atuação de Rossellini e Hurt. Gavras disse que ensaiou bastante os atores para que as frases saíssem naturalmente e também para criar o clima de verdadeira família entre os atores. "Houve pouca improvisação", disse a cineasta. "Apenas colocamos um pouco dos italianismos e gestos por que os ingleses não sabem mexer as mãos como os italianos."

Alegre, bem humorada e muito risonha, Rossellini disse que fazia muito tempo não recebia um papel de protagonista. E achou "revigorante" o roteiro de Gavras. "Há poucos filmes que falam da velhice", disse ela. "E quando falam é sempre de uma maneira muito dramática. Além disso, tem uma sensibilidade muito feminina. Quando se fala de família, que é outro tema subjacente, é preciso do toque de uma mulher."

A certa altura, em "Late Bloomers", Mary se sente incomodada por parecer invisível ao olhar dos homens. Embora seja uma celebridade, Rossellini disse que isso certamente lhe aconteceu. "E também vai acontecer com todos vocês", brincou ela. "Eu adoro andar por Roma e é muito bom não ter que passar pela experiência de escutar assovios e sentir uma mão escorregando no seu traseiro. Pode ser lisonjeito quando se é jovem, mas não é mais o meu caso."