Topo

É Tudo Verdade homenageia documentarista russa que registrou em filme a era da glasnost

Marina Goldovskaya comparece à 24ª cerimônia de entrefa da Associação Internacional de Documentários (International Documentary Association) no Sindicato dos Diretores dos EUA, em Los Angeles (5/12/2008) - Getty Images
Marina Goldovskaya comparece à 24ª cerimônia de entrefa da Associação Internacional de Documentários (International Documentary Association) no Sindicato dos Diretores dos EUA, em Los Angeles (5/12/2008) Imagem: Getty Images

Da Redação

02/03/2011 11h57

O É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários anunciou nesta quarta (2) a retrospectiva internacional de sua 16ª edição, que se realiza simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro entre 31 de março e 10 de abril. A homenageada será a documentarista russa Marina Goldovskaya, diretora de clássicos da glasnost (como é conhecido historicamente o período de transição do comunismo na União Soviética) como “O Regime Solovki” (1987) e “A Casa da Rua Arbat” (1994).

Goldovskaya estreará no festival seu mais recente filme, “O Gosto Amargo da Liberdade” (2011), sobre a longa amizade com a jornalista investigativa russa Anna Politkovskaya (1958-2006), assassinada em 2006.

Originalmente uma diretora de fotografia em séries e documentários para a TV soviética, em mais de quarenta anos de carreira Marina Goldovskaya dirigiu mais de 30 obras não-ficcionais e fez mais de uma centena de programas televisivos. Desde o começo dos anos 1990 ela divide seu tempo entre Moscou e Los Angeles, onde coordena o curso de documentários da UCLA.

É a terceira vez que Goldovskaya participa do É Tudo Verdade, discutindo sua carreira em encontros em São Paulo (7 de abril) e no Rio de Janeiro (10 de abril). Em 1996, ela veio ao Brasil apresentar “A Casa da Rua Arbat” no primeiro festival. Voltou em 2005, na 10a. edição, para participar do júri internacional.

OS FILMES DA RETROSPECTIVA

"O camponês de Archangelsky" (60 min, 1986).
A história de Nikolai Semenovich Sivkov, primeiro a opor-se ao sistema de coletivização rural imposto por Josef Stálin.

"O Regime Solovki" (93 min, 1987).
O primeiro filme sobre os “gulags”, denunciando a história do campo de trabalhos forçados Solovky, que existiu entre 1923 e 1939.

"Um gosto de liberdade" (46 min, 1991).
A era de esperança da Perestroika dos anos 1980/1990 é examinada por meio dos personagens Sasha Politkovsky, jornalista de TV, sua mulher, Anna Politkovskaya, e seus filhos.

"O espelho estilhaçado" (58 min, 1992).
As grandes mudanças que sacudiram a antiga URSS são analisadas pelo olhar profundamente pessoal da diretora.
            
"A casa da rua Arbat" (59 min, 1993).
Uma síntese da história russa no século 20 surge das memórias de residentes e de material de arquivo sobre uma casa que passou de moradia da aristocracia a alojamento coletivo depois da Revolução de 1917.

"A sorte de nascer na Rússia" (58 min, 1994).
Um insight humano sobre os acontecimentos na Federação Russa em 1993, quando conflitos étnicos e separatistas lançaram incerteza sobre o futuro.

"O príncipe está de volta" (59 min, 2000).
Crônica do sonho e da luta do príncipe Eugene Meshersky para restaurar o castelo e a glória de sua família, nos arredores de Moscou.

"Anatoly Rybakov, a História Russa" (52 min, 2006).
O autor de “As crianças do Arbat”, perseguido pelo stalinismo, rememora sua vida e a história de seu país.

"O gosto amargo da liberdade" (90 min, 2011).
A cineasta recupera a figura da combativa jornalista Anna Politkovskaya, sua amiga e personagem, assassinada em 2006, aos 48 anos.