"Animais Unidos Jamais Serão Vencidos" faz pastiche de outras animações de sucesso
A animação alemã "Animais Unidos Jamais Serão Vencidos" tem um gostinho amargo de déjà vu. Com personagens que parecem vindos direto de "Madagascar", "A Era do Gelo” ou "Os Sem-Floresta", essa animação tem título quilométrico e criatividade beirando o zero. Mais parece um pastiche de muito que já se viu no passado e que era bem melhor no original. O filme estreia em cópias convencionais e 3D apenas na versão dublada.
Como em “A Era do Gelo”, o aquecimento global ameaça o mundo e o habitat de várias espécies, entre elas um leão, uma girafa e uma elefanta, que podiam viver em "Madagascar", e também um demônio da Tasmânia, que poderia ser Taz e participar de um desenho chamado "Looney Tunes". O urso polar Yasmin podia fazer par com aquele do antigo comercial da Coca-cola e o galo gaulês Pierre não se sentiria deslocado ao lado do elenco de "A Fuga das Galinhas".
A falta de criatividade dos personagens, no entanto, seria apenas um detalhe não fosse a ausência também de uma boa história em “Animais Unidos...”. Baseado num livro infantil do alemão Erich Kästner, o filme é uma fábula ecológica que carrega no seu discurso e não alivia no humor. Nem o desnecessário 3D faz alguma diferença. O filme não explora as possibilidades do efeito, servindo apenas como pretexto para cobrar ingressos mais caros.
TRAILER DO FILME ''ANIMAIS UNIDOS JAMAIS SERÃO VENCIDOS''
A primeira parte da animação parece um filme da dupla mexicana Alejandro González Iñárritu e Guillermo Arriaga, com três grupos de personagens cujas histórias correm em paralelo. Mas, quando se encontram, transformam-se num quase-vídeo institucional do Greenpeace. Quando todos os animais estão juntos, descobrem ter em comum o problema da falta de água, represada por um empresário ganancioso (oh, esses humanos malvados!), dono de um mega-empreendimento no meio do deserto.
Billy é um suricato enrolador que tem de provar ao seu filho ser um bicho de valor. Seu amigo, o leão vegetariano Sócrates, tem um trauma do passado, quando abandonou o irmão, que acabou nas garras de um caçador. A segunda história envolve o urso polar, cuja casa é destruída com o aquecimento global. Na companhia de um casal idoso de tartarugas, procura um novo lar. E, por fim, os humanos e sua ganância que destrói a natureza.
Com uma história para lá de batida e sem diálogos bem sacados, o que “Animais Unidos...” tem a oferecer são personagens fofinhos - mas isso é o básico em qualquer animação voltada para o público infantil. Então, sobra pouco, bem pouco, a se apreciar aqui.
Por outro lado, talvez seja improvável que as crianças pequenas se incomodem tanto assim com a falta de criatividade do filme. Para elas, será como rever velhos amigos do seu passado recente - embora em contexto diferente e com outras companhias. Mas não será de se espantar se alguma delas perguntar pelo peixe Nemo ou o coelho Pernalonga.
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