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"Sucker Punch - Mundo Surreal" apresenta jovens e belas heroínas para uma plateia sedenta por fantasias

ALESSANDRO GIANNINI

Enviado especial a Los Angeles, EUA *

21/03/2011 14h49

Primeiro longa-metragem de Zack Snyder ("300" e "Watchmen") rodado a partir de um roteiro original do cineasta, "Sucker Punch - Mundo Surreal" acompanha a saga de cinco garotas encerradas em uma espécie de instituição judiciária que mergulham em um mundo de sonhos em busca de elementos que, uma vez reunidos, lhes permitirão fugir dali. Ambientado nos anos 50, o filme se apoia na estética do "steampunk", subgênero da ficção científica em que os avanços tecnológicos estão muito à frente do tempo em que se passa a história. Repleto de referências ao cinema deste gênero, aos mangás e aos animês, é também pontuado por uma trilha sonora - com arranjos de "Sweet Dreams, "Army of Me", "Where Is My Mind" e outras - que às vezes parece excessiva.

O fato de ser protagonizado por cinco belas e saudáveis garotas com destrezas atléticas, habilidades mortais e figurinos mínimos faz de "Sucker Punch" um filme sobre jovens heroínas para uma plateia jovem, sedenta por fantasias. Snyder não faz segredo de que originalmente suas protagonistas eram meninas na faixa dos 14 anos em uma instituição para delinquentes juvenis. Convenientemente, tomou a liberdade poética de transformá-las em mulheres de 20 anos para driblar a Motion Picture Association of America (MPAA), responsável pela classificação indicativa dos filmes nos Estados Unidos. Conseguiu classificação PG-13, que permite aos espectadores de 13 anos e maiores assistirem acompanhados de seus pais ou responsáveis. A estreia do filme acontece nesta sexta-feira (25) nos EUA e em vários países - inclusive no Brasil, onde a classificação indicativa ainda está indefinida.
 

TRAILER DO FILME ''SUCKER PUNCH - MUNDO SURREAL''

"Sucker Punch" começa com a morte da mãe de Baby Doll (Emily Browning) e o enfrentamento com o padrasto, que fica furioso com os termos do testamento deixado pela mulher. Acusada injustamente da morte da irmã, a menina é mandada para uma espécie de manicômio judiciário onde fica à mercê de uma equipe de enfermeiros corruptos, liderada por Blue (Oscar Isaac), e sob os cuidados de uma terapeuta ocupacional, Vera Gorsky (Carla Gugino), que aplica às internas terapias teatrais.

É ali que Baby Doll conhece suas amigas: a relutante Sweet Pea (Abbie Cornish), a falastrona Rocket (Jena Malone), a malandra Blondie (Vanessa Hudgens) e a leal Amber (Jamie Chung). Cada uma delas, obviamente, tem características, habilidades e personalidades próprias, representando assim facetas do arquétipo feminino. Obrigada a dançar, a protagonista se transporta para um mundo paralelo, o "mundo surreal" do título.

Na realidade paralela, a instituição se transforma em um bordel, Blue vira um perigoso cafetão e Vera se converte na tutora das meninas. É o mundo em que ela se mobiliza - e às amigas - para tentar fugir daquela segunda prisão. Como se não bastasse, há ainda um outro estágio de fantasia - será uma referência ao filme "A Origem"? - em que a personagem recebe instruções de um mentor, Wise Guy (Scott Glenn, que parece se divertir no papel), sobre o que fazer para planejar a fuga.

Todas as vezes em que Baby Doll pratica sua dança hipnótica, ela e as amigas são transportadas para mundos paralelos em que dragões, exércitos inimigos e outros perigos as esperam. As consequências dessas aventuras não demoram a levá-las ao mundo real, em que Blue domina, Vera se vê enredada em uma intriga e as meninas enfrentam problemas. O desfecho propõe uma inversão de papéis que salva a trama de uma solução óbvia e dá ao filme um pouco mais de substância, acima do que parece ser apenas uma fantasia cheia de ambiguidades e duplos sentidos.

* O jornalista viajou para os EUA a convite da Warner Bros.