''Visualmente, não havia melhor locação do que o Rio'', diz Paul Walker em entrevista com o elenco de ''Velozes e Furiosos 5''

Três semanas depois do lançamento mundial da animação “Rio”, dirigida pelo carioca Carlos Saldanha, o Rio de Janeiro volta a abrigar a estreia planetária de outra produção americana ambientada na capital fluminense. Grande parte da equipe de “Velozes e Furiosos 5”, o quinto capítulo da franquia de filmes de ação e carros envenenados, falou sobre a nova aventura estrelada por Vin Diesel e Paul Walker na manhã desta quarta-feira (13), em entrevista coletiva no Copacabana Palace.

Além dos dois astros, participaram do encontro com a imprensa os atores Dwayne Johnson (popularmente conhecido como The Rock), Jordana Brewster, Chris Bridges, Tyrese Gibson, Matt Schulze, Sung Kang, Gal Gadot, Elsa Pataky, Don Omar, Tego Calderon e o diretor Justin Lin. Eles também atravessarão o tapete vermelho da première do longa-metragem, marcada para a noite de sexta-feira (15), no Cinépolis Lagoon, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Do elenco, apenas Vin Diesel, Paul Walker e Jordana Brewster vieram ao Rio em novembro do ano passado para filmar algumas cenas da história, cuja quase totalidade foi rodada em locações em Porto Rico, na República Dominicana, e no estado da Califórnia. “Nosso plano original era fazer todo o filme aqui mas, depois de uma primeira visita à cidade, percebemos que os cariocas iriam nos odiar, porque a história exigia muitas locações e as sequências de ação teriam que ser filmadas nas ruas”, explicou o produtor Neal H. Moritz. “Os cariocas não gostariam se saíssemos pela cidade destruindo prédios”, brincou o fortão Vin Diesel.

Esta é a segunda vez que um título da milionária franquia é ambientada fora dos Estados Unidos – a outra foi “Velozes e furiosos – Desafio em Tóquio” (2006), também dirigido por Justin Lin. “Mas, se vocês assistiram ao quarto filme da franquia, há uma cena em que Letty, a personagem de Michelle Rodriguez na praia de Venice, em Los Angeles, em que ela diz que o Rio seria um lugar ideal para recomeçar a vida. Acho que foi ali que tudo começou”, lembrou Diesel, que é coprodutor dos dois últimos títulos da série. “Na época, não sabíamos se seria possível filmar aqui, nas favelas do Rio, mas filmes como “Cidade de Deus” e “Tropa de elite” provaram que sim”, observou.

“Velozes e furiosos 5” exige um Rio de Janeiro exuberante, mas dominado por traficantes, policiais e empresários corruptos. Filha da modelo brasileira Maria João, nascida no Panamá e criada entre o Rio e os Estados Unidos, a atriz Jordana Brewster discordou que o filme denigra a imagem da cidade. “Quando vi a primeira sequência no Corcovado, fiquei emocionada. A cidade está linda, e ela só é mostrada com essa violência por causa do roteiro, que segue o estilo da franquia. Não estamos passando uma imagem ruim do Rio para o mundo”, explicou a atriz, que completa 31 anos no próximo dia 26.

“Visualmente, não havia melhor locação para um filme do que o Rio de Janeiro”, elogiou Paul Walker. “Acredito que muitas outras produções serão rodadas aqui. O interesse da indústria do cinema mundial pela cidade está crescendo. Há poucos anos, “O incrível Hulk” foi filmado aqui e deu certo. Se a reposta é boa, os produtores acabam voltando. É um processo lento, com passos de bebê, mas que mostra que as coisas estão acontecendo aqui”, comentou o ator. “Esta é a minha primeira vez no Rio, não participei das filmagens no ano passado. Estou desde domingo na cidade e só tenho a dizer coisas boas sobre ela. É uma cidade linda e o povo é muito caloroso”, elogiou Dwayne Johnson, que faz sua estreia na franquia.

Sequências com o elenco principal no Rio resumem-se a cenas curtas

Em “Velozes e Furiosos 5”, o ex-policial Brian O'Conner (Walker) se alia a Dom Toretto (Diesel), considerado um fora-da-lei. No filme, que chega ao circuito comercial brasileiro dia 6 de maio, Brian e a namorada Mia (Jordana), irmã de Dom, o arrancam da custódia da polícia americana durante uma operação espetacular, e fogem para o Brasil. Aqui, vivem escondidos em uma favela do Rio, de onde sairão para executar um último plano mirabolante, mas que garantirá a liberdade.

O enredo, desenvolvido por Garry Scott Thompson, Erik Bergquist e David Ayer, tenta incutir  a ideia da formação de uma família dentro do núcleo de foragidos: Mia está grávida de Brian, e as decisões do orgulhoso titio Dom levarão em consideração a integridade do clã que se anuncia. A nobreza de sentimentos, no entanto, é  sobrepujada pelo nível de adrenalina em torno dos passos dos anti-heróis, que precisam escapar das garras dos agentes federais americanos e de um empresário corrupto ligado a traficantes de drogas, interpretado pelo ator português Joaquim de Almeida.

As sequências com o elenco principal no Rio resumem-se a cenas curtas, rodadas no conjunto residencial Prefeito Mendes de Moraes, popularmente conhecido como Pedregulho, projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909 – 1964) nos anos 40. A cor local é dada por uma combinação de muitas sequências aéreas de pontos turísticos, como o Corcovado, o Pão de Açucar e a Praia de Copacabana, e de planos abertos de favelas cariocas.

Há também tomadas feitas na ponte Rio-Niterói, e em avenidas do centro da cidade, como a Presidente Vargas. Esta serve de cenário para um pega entre carros, resultado de uma composição de imagens reais e com as geradas por um programa de computador. A trama não escapa de algumas licenças poéticas: o agente federal Lucas Hobbs (Johnson) recebe a informação de que Brian e Dom estão na Avenida Atlântica e vai emboscá-los...debaixo de um elevado sombrio. Pelo menos a trilha sonora de “Velozes e Furiosos 5” faz o favor de trocar o usual e caricato repertório de sambas e bossa nova por letras de rap (em bom português), a música de quem se nutre de ódio e velocidade.