Na pele de Ney Matogrosso, bandido da luz vermelha volta com tudo em festival de Porto Alegre
Bruno Safadi bem que tentou com "Meu Nome é Dindi", mas a renovação do cinema de invenção brasileiro por meio da ponte com o cinema marginal de Sganzerla e Bressane foi iniciada por "O Gerente", de Paulo Cesar Saraceni, e "Luz nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha".
São esses dois filmes os que melhor dialogam com o espírito libertário da época, incorporando riscos, algumas falhas eventuais e muita vontade de fazer cinema.
TRAILER DO FILME ''LUZ NAS TREVAS - A VOLTA DO BANDIDO DA LUZ VERMELHA''
"Luz nas Trevas" passa nesta sexta-feira, 29 de abril, dentro do CineEsquemaNovo 2011 - Festival de Cinema de Porto Alegre. É um dos maiores favoritos ao prêmio máximo da competição.
O filme retoma o personagem do clássico "O Bandido da Luz Vermelha", tendo no papel do personagem principal, interpretado na ocasião por Paulo Villaça, o cantor Ney Matogrosso. Evoca a linhagem do original com inteligência, ora homenageando-o, ora tangenciando-o. O tom é o mesmo, e até algumas cenas são copiadas dentro do saudável processo de pilhagem cinematográfica/musical tão comum aos trabalhos marginais de 1968/1971.
Baseado num roteiro do falecido Rogério Sganzerla, dirigido por sua mulher, Helena Ignez, e Ícaro Martins, e interpretado por sua filha, Djin, o longa ainda tem uma constelação de participações afetivas, com destaque para Sérgio Mamberti, Simone Spoladore, Arrigo Barnabé, Paulo Goulart e Maria Luísa Mendonça.
Djin Sganzerla tem provavelmente o melhor desempenho de sua carreira, o que não é pouco. Ney Matogrosso está muito bem como o bandido, num contraponto interessante ao antigo ator que viveu o personagem - sai o vozeirão de Villaça, entra a voz suave e efeminada de Ney. Mas a verdade é que todo o elenco está bem, apesar das diferentes formações. É algo mais em comum com "O Gerente".
A trama atualiza a do filme anterior. Com o bandido original numa penitenciária de segurança máxima, seu filho, apelidado Tudo-ou-Nada, dá continuidade aos crimes com a lanterna de luz vermelha do lado de fora, assaltando mansões, comendo do bom e do melhor e transando com suas vítimas femininas.
As coisas irão se inverter ironicamente, mas antes uma série de piadas, ditados manjados, críticas sociais e políticas e citações desfilarão pela tela formando um verdadeiro banquete cultural e psicodélico.
O filme é uma bagunça, com seus saltos e mudanças de tom, mas essa bagunça lhe convém. O CineEsquemaNovo 2011 é de "Luz nas Trevas".
* Sérgio Alpendre viajou a Porto Alegre a convite da organização do CineEsquemaNovo
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