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Diretor de "Madame Satã" lança "filme sobre desamor" em Cannes e se prepara para primeira produção internacional

Atriz e diretor de "O Abismo Prateado", Alessandra Negrini e Karim Ainouz posam para foto durante o Festival de Cannes (16/05/2011) - Thiago Stivaletti/UOL
Atriz e diretor de "O Abismo Prateado", Alessandra Negrini e Karim Ainouz posam para foto durante o Festival de Cannes (16/05/2011) Imagem: Thiago Stivaletti/UOL

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes

18/05/2011 07h58

Conhecido por filmes como "Madame Satã” e “O Céu de Suely”, Karim Ainouz caiu no Festival de Cannes deste ano quase de paraquedas. Ele preparava seu próximo filme, “Praia do Futuro”, quando o produtor Rodrigo Teixeira lhe ligou dizendo que tinha adquirido os direitos de algumas músicas de Chico Buarque. Rodrigo lhe perguntou se gostaria de dirigir um longa inspirado numa das músicas.

Assim nasceu “O Abismo Prateado”, que estreou na terça-feira (17) no festival, na mostra paralela Quinzena dos Realizadores. Durante uma noite, uma dentista (Alessandra Negrini) suspende sua vida após receber um telefonema.

“É um pequeno filme sobre uma classe média urbana comum. Um filme de desamor, feito com toda a simplicidade, com personagens que são abandonados e também se abandonam”, explicou. Mesmo abandono que já se insinua em seu filme anterior, “Viajo porque Preciso, Volto porque te Amo”, dirigido com Marcelo Gomes.

Aeroporto sexy

Em mente, Karim tinha uma cena que sempre sonhou em filmar: uma mulher carregando uma mala num aeroporto.

  • Divulgação

    Cena do filme "O Abismo Prateado"

Rodado nas ruas de Copacabana, “O Abismo Prateado” situa suas últimas cenas no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. “Adoro voar, e também adoro conexões de voo. Não sei por quê, mas acho muito sexy”, brinca.

A música escolhida como ponto de partida foi “Olhos nos Olhos”, consagrada na voz de Maria Bethânia. “Em algum momento de fossa, eu já ouvi muito essa música no repeat. Só não lembro bem em que separação foi”, ri.

“Abismo” ainda não tem data de estreia no Brasil, mas deve passar antes pelo Festival do Rio e pela Mostra de São Paulo.

Cachoeiras e tubarões

Passando metade do ano no Rio e metade em Berlim, Karim anda fazendo experimentações fora do longa-metragem.

Com dois atores do teatro Oficina, rodou um curta sobre um casal de meia-idade que faz sexo numa cachoeira para o projeto internacional “Destricted”, do qual já participaram artistas plásticos e videoartistas como Adriana Varejão, Marina Abramovic e Matthew Barney. O filme foi exibido na SP Arte, em São Paulo, e deve ficar em cartaz numa galeria no segundo semestre.

Outro trabalho, uma instalação criada por ele, ficou em cartaz na última edição da Bienal de Sharjah, nos Emirados Árabes.

Para o cinema, ele quer rodar até o fim do ano “Praia do Futuro”, sobre um salva-vidas de Fortaleza que, ao saber da gravidez da namorada, parte para Berlim à procura do irmão. O filme será rodado entre as duas cidades. Um dos papéis será do alemão Clemens Schick, 38 anos, que participou de “007 - Casino Royale”.

Antes disso, porém, mais um projeto passa na frente: a produção internacional “The Beauty of Sharks” (A beleza dos tubarões), sobre um gigolô que cai num golpe na Riviera Francesa dos anos 50.