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Com depoimentos de Norah Jones e Elza Soares, documentário em produção mistura jazz e samba

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

15/06/2011 06h00

Há cerca de um ano, o carioca Bruno Veiga Neto conheceu um pub em Nova York, um dos poucos lugares que ainda tocam jazz para o povo. Ele pensou em fazer um curta sobre o local, mas o assunto foi se expandindo tanto que acabou se transformando no documentário “Do Jazz ao Samba”, que está em produção.

“Existe uma relação muito próxima entre os dois estilos. Ambos vieram da marginalidade”, disse em entrevista ao UOL Cinema.

Nas suas pesquisas, Veiga Neto já entrevistou os  músicos Roberto Menescal e Ivan Lins, o crítico Tarik de Souza e a cantora Elza Soares, entre outros - além de estrangeiros, como Will.I.Am e Norah Jones. “Todos sempre têm algo novo a dizer sobre a música brasileira. É incrível como é ela é conhecida fora do Brasil. A cantora brasileira Ithamara Koorax, por exemplo, é mais famosa no Japão do que aqui”.

Veiga Neto revela que já gastou cerca de R$ 60 mil com o documentário e tem mais ou menos 60 horas de material gravado. Mas ainda faltam algumas etapas para o filme ficar como ele planejou, como viagens a Tóquio, Lisboa e Nova Orleans. “Eu não vou abandonar o projeto pela metade. Quero deixar como era a intenção desde o início.”

A internet, nesse caso, tem sido uma ajuda preciosa. “Foi na rede que marquei mais da metade das entrevistas que estão no filme, além de encontrar lugares essenciais para o documentário”. É o caso de uma casa de jazz no Rio de Janeiro, montada por um trompetista australiano apaixonado por música brasileira.

TRAILER DO FILME ''DO JAZZ AO SAMBA''

É na internet também que o documentarista deposita parte de suas esperanças para finalizar o projeto. Ele conta com uma iniciativa chamada Crowfunding, em que qualquer pessoa pode colaborar com dinheiro via internet. Pouco difundida no Brasil, essa prática tem mudado o cinema independente no mundo.

Em troca do investimento, o contribuinte pode ganhar DVDs, direito de baixar o filme antes mesmo da estreia, entre outros benefícios. “Aqui ainda não existe uma política semelhante e isso é pouco difundido. Não creio que toda a verba de que preciso para terminar o filme virá de crowfunding, mas só de estar apresentando essa possibilidade para o público já é alguma coisa”, pondera.

Atualmente, o diretor trabalha na pré-montagem do documentário e já disponibilizou alguns teasers na internet - alguns em inglês. “Esses vídeos me ajudaram muito, inclusive a conseguir entrevistas. Quando as pessoas veem que o projeto realmente existe, e não está apenas no papel, se interessam em participar”, afirma.

Além, disso, Veiga Neto sabe que precisará de uma boa verba pelos direitos autorais de várias músicas e materiais de arquivo que serão usados no filme.

A distribuição do documentário é outro passo que preocupa o diretor. “Ainda não tenho um distribuidor nacional. Embora já tenha recebido propostas de países como Holanda, China, Índia e Canadá. No Brasil, talvez, lancemos num esquema diferente do convencional”.