22/07/2011 - 03:25 - Atualizado em: 22/07/2011 - 03:28

Veja opinião dos "filhos de João" sobre o documentário "Admirável Mundo dos Novos Baianos"

ESTEFANI MEDEIROS
Da Redação
Divulgação News-image

O grupo Novos Baianos no Rio de Janeiro em foto da década de 70

Quem vê “Filhos de João – O Admirável Mundo dos Novos Baianos”, que estreia nas salas brasileiras nesta sexta-feira (22), não imagina que o projeto demorou 12 anos para sair do papel. “Sempre fui fã do Novos Baianos. Cresci ouvindo os discos deles. A idéia surgiu como um trabalho de faculdade e depois foi crescendo. Na década de 90 consegui uma verba pra tirar o projeto do papel e finalmente ele está sendo lançado”, conta Henrique Dantas, diretor do filme, em entrevista ao UOL. 

O documentário faz recortes da vida dos Baianos entre 69 e 79, período em que a banda lançou seus oito principais álbuns e foi protagonista de um documentário Alemão. "Quando fomos para São Paulo, participar do programa da TV Record que tomamos consciência da nossa importância na vida brasileira. A Baby era considerada uma Janis Joplin. Gil e Caetano estavam fora do país por causa da ditadura. Desde esse dia até o depoimento do Tom Zé (que faz parte do filme hoje), tivemos noção do nosso lugar na música brasileira”, contou o ex-integrante do grupo Paulinho Boca de Cantor.

Quando morrermos, os direitos não vão ser dos nossos filhos, e sim dos filhos do diretor

Baby do Brasil

Baby e a polêmica sobre os direitos
Dentre os vários depoimentos do filme, que incluem os ex-integrantes Moraes Moreira, Pepeu Gomes e o colega próximo da banda Tom Zé, é notável a falta de Baby Consuelo, única mulher do grupo.

“Quando ele [Henrique Dantas] me convidou para fazer a entrevista, era um trabalho de faculdade. Alguns anos depois ele estava sendo exibido em um festival de Brasília já com vários apoios culturais financeiros. Ele não quis fazer o contrato comigo e depois apareceu na mídia como se eu tivesse vetado. O trabalho é bacana, mas ainda precisa acertar contas com a Baby do Brasil Produções”, diz Baby.

“Não quero embargar o filme, mesmo que eu possa. A gente tem aí um filme sobre os Novos Baianos e ele quer pagar uma cocada e uma mariola pra cada um. Quando morrermos, os direitos não vão ser dos nossos filhos, e sim dos filhos do diretor. Dei uma entrevista pra faculdade que virou filme”, finaliza.  

“Filhos de João”, pelos filhos de João
“Eu achei maravilhoso. A ideia do Henrique foi muito feliz. Ele descobriu uma forma de perpertuar o trabalho dos Novos Baianos. O que deixamos para a música foi o legado comportamental, social. O registro é muito legal”, diz Pepeu Gomes.

Já para Paulinho Boca de Cantor: "o filme não é detalhadamente sobre a história dos Novos Baianos. O mérito dele são as outras pessoas falando sobre os Novos Baianos. O depoimento do Tom Zé, por exemplo, é muito divertido. São pessoas que perceberam a posição dos Baianos na MPB”, comenta. “Mas o Novos Baianos nem nunca começou, nem nunca acabou. Preferia um fim assim do que a ênfase ao término do grupo com o depoimento do Moraes Moreira no desfecho”.

“A gente tem uma história maravilhosa pra ser contada", diz Baby. "Mas ele fez uma coletânea dos Novos Baianos. O conteúdo dele é dos outros. Os trechos usados no filme são de outros diretores”. 

Abas embedaveis

Volta dos Novos Baianos
Seria possível uma reunião dos Novos Baianos em uma versão 2011? Pepeu Gomes acredita que não. “Acho difícil. Mas para Deus nada é impossível”, diz o guitarrista. “Todos têm suas carreiras. Estou programado até a Copa do Mundo. Na última vez, quando gravamos o álbum duplo em 97, tivemos que parar um ano. Prefiro entregar nas mãos de Deus”.

Entre rixas de bastidores e a boa recepção do documentário nos festivais de cinema, é inegável que o filme traz à tona a história do grupo relembrando o importante papel que os Baianos tiveram na MPB e o legado que deixaram. E é assim que Paulinho conclui. "Essa juventude é muito carente de ideologia, de pensamentos que retratem nossa história recente. Esses dias fiquei sabendo de uma conversa entre mãe e filho em que o garotinho reclamava que era muito complicado tirar as músicas dos Novos Baianos e disse: '“acho que pra tocar essa música dos Baianos tem que fumar muita maconha'”.

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