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"A Árvore da Vida" foi "uma experiência para a vida toda", revela Jessica Chastain

ANA MARIA BAHIANA

Especial para o UOL, de Los Angeles, nos EUA

08/08/2011 07h00Atualizada em 08/08/2011 11h47

Em "A Árvore da Vida", de Terrence Malick, a personagem da Mãe (Mrs O’Malley) é, em muitos aspectos, a personificação do título. Enquanto os homens ao seu redor – os três filhos, o marido Brad Pitt – agitam-se ruidosamente, chocando-se uns com os outros nas diversas configurações da vida familiar numa cidade do Texas dos anos 1950, ela permanece serena, repleta de doçura e compaixão. Malick enche a tela com Mrs O’Malley, sempre radiante de luz, mais espírito que carne, a conexão entre terra e céu, como uma árvore.

Ajuda muito o fato de Mrs O’Malley ser encarnada pela bela Jessica Chastain, uma californiana de 30 anos com uma carreira breve mas decididamente ascendente. Ainda este ano, ela será vista em "The Help", adaptação do best seller de Kathryn Stockett, que promete ser um dos sucessos do final de ano; "Coriolanus", atualização da peça de Shakespeare com direção de Ralph Fiennes; e "Take Shelter", filme sensação de Cannes, estrelado por Michael Shannon. E, como se não bastasse, Malick já incluiu Chastain em seu próximo filme, ainda sem título.

"Terry é um diretor incrivelmente romântico", Chastain diz, conversando em Los Angeles numa tarde de primavera, recém-chegada de Cannes. "Você pode ver isso em seus filmes, é um prazer confirmar que ele é assim também quando trabalha. Ele é extremamente delicado e sutil e colabora com os atores. Você tem a sensação de que está fazendo o filme junto com ele."

 

Teste de elenco

Chastain chegou ao trabalho de "A Árvore da Vida" através do circuito normal de testes de elenco - em seu currículo constavam aparições na TV (nos seriados "ER", "Law & Order) e em dois filmes, o independente "Wilde Salome", dirigido por Al Pacino, e o thriller de ação "The Debt", fazendo o papel da jovem Helen Mirren.

"Eu queria muito o papel, queria muito trabalhar com Terry", Chastain conta. "Então fiz meu dever de casa - criei meu próprio 'Festival Terrence Malick'! Aluguei todos os filmes dele e vi um depois do outro. Quando me peguei dizendo, alto, 'eu amo esse filme!' no meio de 'O Novo Mundo', eu sabia que tinha uma boa chance de pegar o papel...".

A leitura do roteiro foi uma boa introdução ao mundo de Malick: "O roteiro era lindo, parecia mais uma obra de poesia do que um roteiro", ela conta. "Eu nunca tinha lido nada assim. Tinha duas páginas descrevendo somente as mãos da minha personagem. Pensei 'isso vai ser difícil, mas muito estimulante'".

Asssita ao trailer de "A Árvore da Vida"

Filmagens

Malick, Chastain conta, pedia várias versões da mesma cena, e algumas eram insólitas: um diálogo tenso entre sua personagem e o marido Brad Pitt, por exemplo, podia ser refeita com Jessica apenas "sentindo as falas, sem dizer nada". Em outros momentos, Malick deixava a improvisação correr solta: "Ele nos deixava em um determinado ambiente e apenas dava sugestões : 'olhe a luz, que linda!', 'veja as crianças brincando', 'olha o esquilo ali subindo na árvore'. Tinha pena do operador da câmera, ele tinha que estar sempre super ligado. Era o único que não tinha pausa para nada..."

A relação se estendeu além do trabalho, e Chastain diz que conta o diretor entre seus "amigos para sempre". "Ele é uma pessoa fascinante.  No set, ele se importa com todo mundo, faz questão de saber se todos na equipe e no elenco estão bem. É extremamente culto, conhece tudo de música, cinema, teatro. Certa vez eu mencionei que uma determinada cena me lembrava um conto de Chekov e ele imediatamente começou a citar dúzias de outras obras de Chekov que eram relevantes ao tema. E ao mesmo tempo é super humilde."

Para Chastain, o trabalho em "A Árvore da Vida" foi "uma experiência para a vida toda" – incluindo aí dividir a cena com Brad Pitt, por quem ela tinha uma paixonite desde Telma e Louise...  "Acho que saí de 'A Árvore da Vida' como uma atriz melhor e uma pessoa melhor. Malick é, no fundo, um filósofo, sempre questionando quem nós somos como espécie. Espero que as pessoas vejam o filme com o mesmo espírito, e abracem a compaixão e a esperança que o filme propõe."

O longa está previsto para estrear no país em 12 de agosto.