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"Em nenhum momento pensei que o MMA pudesse dar esse tipo de reconhecimento", diz Anderson Silva diante de plateia no Festival do Rio

Anderson Silva em cena do documentário "Anderson Silva: Como Água"  - Divulgação
Anderson Silva em cena do documentário "Anderson Silva: Como Água" Imagem: Divulgação

FABÍOLA ORTIZ

Colaboração para o UOL, no Rio

12/10/2011 19h37Atualizada em 12/10/2011 22h35

O campeão do UFC Anderson Silva chegou acompanhado da mulher Dayane e dos cinco filhos, Kaory, Gabriel, Kalyl, Kauana e João Vitor, na sessão de estreia do documentário "Anderson Silva: Como Água", nesta quarta-feira (12), dentro da programação do Festival do Rio. O filme retrata o treinamento do lutador brasileiro antes de um emocionante duelo contra Chael Sonnen, em agosto de 2010, e foi, segundo o próprio lutador, "uma experiência nova". "Ainda  tenho muita coisa para fazer pelo esporte. Isso aqui é só o começo", disse Anderson, visivelmente entusiasmado com a estreia no cinema.

Na entrada do Cine Odeon, o lutador foi recebido por fãs que o aguardavam na porta. "Em nenhum momento pensei que o MMA pudesse dar esse tipo de reconhecimento. Estou muito feliz e realizado", disse. Antes do filme ser exibido, Anderson explicou à plateia que a proposta do documentário é servir "como exemplo de que o povo brasileiro não desiste nunca". "O filme fala sobre honra e lealdade. Estou feliz por ajudar a criar novos herois aqui no país", completou.

Foram três meses acompanhando o lutador de artes marciais Anderson Silva até chegar à batalha final dia 7 de agosto de 2010, quando o brasileiro derrotou o adversário Chael Sonnen e levou o cinturão do UFC (Ultimate Fight Champioship). Foi essa rotina pesada de duros treinos em Los Angeles sem poder voltar para casa e rever a família que o diretor americano Pablo Croce registrou no documentário “Anderson Silva: Como Água”.

“Se eu não fosse lutador, não sei o que eu seria”, é com essas palavras de Anderson que inicia o documentário e traça a trajetória do lutador desde a data de 10 de abril de 2010, numa polêmica luta contra Demian Maia, em Abu Dhabi, até os ringues em Las Vegas. O processo de realização do filme começou depois da “luta controversa em Abu Dhabi”, explicou Pablo Croce à imprensa. “Estivemos convivendo com Anderson durante três meses só capturando a sua vida e o trabalho. Eu pretendia ser uma pessoa invisível”, contou Croce ao dizer que Anderson se acostumou rapidamente com a presença da câmera.

A expectativa para o diretor americano é que o público brasileiro possa desfrutar do filme, assim como toda a equipe desfrutou ao realizá-lo. “Ele se dedica muito ao que faz. O que me impressionou é que é um atleta muito dedicado, metódico, criativo e religiosamente cultiva o seu estado físico. É algo muito impressionante. Essa é a lição que devemos ter dele”, disse.

Entre cenas de lutas, Anderson também se mostra um pai carinhoso e afetuoso que sente muitas saudades por estar longe da família no período do treinamento. Assim como uma rotina árdua de treinos nas artes marciais, o documentário mostra cenas de descontração que aproximou o público que foi conferir a première do documentário. “O mais importante é voltar inteiro para casa, não interessa se eu estou com ou cinturão ou não. Para a minha família, eu sou sempre um vencedor”, disse Anderson no filme poucas horas antes de enfrentar o duelo que lhe rendeu o recorde mundial de 12 vitórias consecutivas.

Para Anderson Silva, a experiência do documentário foi algo novo. Ele disse que não se intimidou com a presença da câmera acompanhando quase todos os seus passos e os momentos mais difíceis de sua carreira naquele momento prestes a lutar. “Foi super natural, eu nem percebi que estava gravando. O foco agora é continuar treinando e manter o título para o Brasil e ser referência para outros atletas”, disse.

O difícil é a distância da família

A esposa do lutador, Dayane Martins da Silva, foi à première junto com os cinco filhos da casal (Kaory, Gabriel, Kalyl, Kauana e João Vitor) e disse que o mais difícil mesmo foi segurar a saudade e a rotina de viver em ponte aérea entre Curitiba, onde mora com os filhos, e Los Angeles, onde Anderson treina.  “É uma semana em Curitiba e o resto viajando. Ficar longe é o mais difícil. A maior qualidade do Anderson é a simpatia”, disse Dayane que não saiu de perto do marido durante a sessão.

ASSISTA AO TRAILER DE "ANDERSON SILVA: COMO ÁGUA"

‘Ele tem o dom para ser um astro’

Rogério Camões, lutador e muito próximo do campeão do UFC, disse que Anderson já se transformou em um “super heroi" dentro do ringue, mas que apesar desta aparência, ele é uma “pessoa normal, humilde e carinhosa com a família”. “Conheço o Anderson, é uma pessoa boa que veio de uma vida muito difícil. Esse lado as pessoas não conhecem, ele não é uma máquina sem coração”.

Rogério Camões disse ao UOL que se emocionou muito no filme, pois naquele mesmo período ele não pôde acompanhar os treinos do colega em Los Angeles. “Foi um momento difícil para toda a equipe. Eu acabei vendo a luta pela televisão, era muita adrenalina ver o Chael Sonnen ganhando, só que eu tinha na cabeça que ele iria virar a luta e virou”, contou. O momento que mais o marcou no documentário foi ter ouvido seu nome como agradecimento de Anderson após vencer. “Mesmo não estando lá, eu estava presente em espírito. O Anderson é diferente dos outros lutadores, ele tem um controle mental e emocional. Ele tem o dom para ser um astro”, disse.

O título "Como Água" é uma menção a uma frase de Bruce Lee, que inspirava os lutadores a serem como a água, que “não tem forma definida e se adapta a tudo”. "Como Água" levou o prêmio de melhor direção no Festival de Tribeca de 2011 e mostra relatos de lutadores e personalidades da luta, como Rodrigo Minotauro Nogueira e o presidente do UFC, Dana White.

Devido a uma lesão no ombro, Anderson Silva está fora dos ringues do UFC até 2012. Enquanto isso, tem divulgado o esporte em eventos, programas de TV e shows, como o de Justin Bieber, na última quarta-feira, no Rio.