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Corpo de Leon Cakoff é velado no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo

Da Redação

14/10/2011 18h10

O velório do criador da Mostra de Cinema de São Paulo, Leon Cakoff, acontece no MIS (Museu da Imagem e do Som), na noite desta sexta-feira (14). O corpo acaba de chegar ao local e, no momento, estão presentes apenas familiares e a equipe da Mostra. O corpo do crítico será cremado no Memorial Parque Paulista, em Embu das Artes, neste sábado (15).
 

Cakoff morreu nesta sexta-feira (14), aos 63 anos. Ele vinha lutando contra o câncer desde 2002.

Entre as personalidades que foram prestar homenagem ao criador da Mostra, estão a atriz Alice Braga, a apresentadora Marina Person, o cineasta Sérgio Machado, o secretário estadual de cultura Andrea Matarazzo e o ex-governador José Serra.

Durante o velório, Margarida Oliveira, assessora de imprensa da Mostra, adiantou que Cakoff será homenageado durante a cerimônia de abertura do evento, que acontece no dia 20 de outubro, com a exibição de um vídeo com imagens dele nas 35 edições da Mostra. Na programação do evento também está a estreia do filme "Mundo Invisível", reunião de curtas-metragens dirigidos por Manoel de Oliveira, Wim Wenders, Atom Egoyan, Maria de Medeiros, entre outros, que foi produzido pela Mostra e contou com a participação de Cakoff em sua concepção.

Nascido na Síria, em 25 de junho de 1948, Leon Chadarevian veio ao Brasil com a família aos oito anos de idade. Adotou o nome de Leon Cakoff após ter problemas com o regime militar, por conta de sua atuação política. Formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, era casado com Renata de Almeida, pai de Pedro, Laura, Jonas e Tiago, e conhecido pela fundação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - o mais antigo festival internacional de cinema do país.

Cakoff começou seu envolvimento com a sétima arte como crítico de filmes. Em 1974, assumiu a programação cinematográfica do Masp (Museu de Arte de São Paulo) e, em 1977, criou a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em comemoração aos 30 anos do museu. O evento é independente do Masp desde 1984 e vem ocorrendo anualmente em outubro. Ao longo do tempo, a Mostra transformou-se em referência para a descoberta de cineastas e novos talentos da cinematografia mundial.

Em 1999, Cakoff fez o curta-metragem "Volte sempre, Abbas", um registro da visita do cineasta iraniano Abbas Kiarostami à mostra. O filme foi selecionado para a mostra Novos Territórios, do Festival de Veneza. Em 2000, formou com Adhemar Oliveira a distribuidora Mais Filmes, pela qual foram inaugurados o Unibanco Arteplex, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo, além de salas em Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro.

Em 2004, organizou o longa "Bem-vindo a São Paulo", em que diretores como Tsai Ming-Liang e Mika Kaurismaki dão sua versão sobre a cidade. Em 2008, produziu e estrelou o curta "Do Visível ao Invisível", dirigido pelo português Manoel de Oliveira e exibido na sessão de abertura do Festival de Veneza de 2008. Em 2010, voltou a trabalhar com o cineasta, de quem era amigo, coproduzindo o longa "O Estranho Caso de Angélica".

No final de 2010, Cakoff descobriu que tinha dois tumores no cérebro, no lobo direito, resquícios de um câncer de pele que teve em 2002. Operado às pressas, o resultado de sua cirurgia foi considerado "um milagre", como conta no depoimento "Na beira do abismo", dado à Ilustríssima em 1º de maio de 2011.