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Corpo de Leon Cakoff é cremado em São Paulo

Da Redação

15/10/2011 14h06Atualizada em 15/10/2011 15h40

O corpo do criador da Mostra de Cinema de São Paulo, Leon Cakoff, foi cremado neste sábado (15), no Memorial Parque Paulista, no Embu das Artes. Amigos como o apresentador Serginho Groisman e o cineasta Fernando Meirelles acompanharam a cerimônia, que aconteceu no início da tarde.

Cakoff morreu nesta sexta-feira (14), aos 63 anos. Ele vinha lutando contra o câncer desde 2002. O velório aconteceu no MIS (Museu da Imagem e do Som), em São Paulo.

O crítico de cinema será homenageado durante a cerimônia de abertura da Mostra, que acontece no dia 20 de outubro, com a exibição de um vídeo com imagens dele nas 35 edições do evento. Na programação também está a estreia do filme "Mundo Invisível", reunião de curtas-metragens dirigidos por Manoel de Oliveira, Wim Wenders, Atom Egoyan, Maria de Medeiros, entre outros, que foi produzido pela Mostra e contou com a participação de Cakoff em sua concepção.

Vida e obra

Nascido na Síria, em 25 de junho de 1948, Leon Chadarevian veio ao Brasil com a família aos oito anos de idade. Adotou o nome de Leon Cakoff após ter problemas com o regime militar, por conta de sua atuação política. Formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, era casado com Renata de Almeida, pai de Pedro, Laura, Jonas e Tiago, e conhecido pela fundação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - o mais antigo festival internacional de cinema do país.

Cakoff começou seu envolvimento com a sétima arte como crítico de filmes. Em 1974, assumiu a programação cinematográfica do Masp (Museu de Arte de São Paulo) e, em 1977, criou a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em comemoração aos 30 anos do museu. O evento é independente do Masp desde 1984 e vem ocorrendo anualmente em outubro. Ao longo do tempo, a Mostra transformou-se em referência para a descoberta de cineastas e novos talentos da cinematografia mundial.

Em 1999, Cakoff fez o curta-metragem "Volte sempre, Abbas", um registro da visita do cineasta iraniano Abbas Kiarostami à mostra. O filme foi selecionado para a mostra Novos Territórios, do Festival de Veneza. Em 2000, formou com Adhemar Oliveira a distribuidora Mais Filmes, pela qual foram inaugurados o Unibanco Arteplex, no Shopping Frei Caneca, em São Paulo, além de salas em Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro.

Em 2004, organizou o longa "Bem-vindo a São Paulo", em que diretores como Tsai Ming-Liang e Mika Kaurismaki dão sua versão sobre a cidade. Em 2008, produziu e estrelou o curta "Do Visível ao Invisível", dirigido pelo português Manoel de Oliveira e exibido na sessão de abertura do Festival de Veneza de 2008. Em 2010, voltou a trabalhar com o cineasta, de quem era amigo, coproduzindo o longa "O Estranho Caso de Angélica".

No final de 2010, Cakoff descobriu que tinha dois tumores no cérebro, no lobo direito, resquícios de um câncer de pele que teve em 2002. Operado às pressas, o resultado de sua cirurgia foi considerado "um milagre", como conta no depoimento "Na beira do abismo", dado à Ilustríssima em 1º de maio de 2011.