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"É a hora e a vez de Vinícius Coimbra", diz Chico Anysio sobre o vencedor do Troféu Redentor; veja a lista de premiados

FABÍOLA ORTIZ

Colaboração para o UOL, do Rio

18/10/2011 22h16

A mais recente adaptação para o cinema de um conto do escritor Guimarães Rosa foi o grande vencedor do Festival do Rio em 2011. "A Hora e a Vez de Augusto Matraga" conquistou quatro prêmios: o de melhor ator para João Miguel, melhor ator coadjuvante para José Wilker, um prêmio especial do júri e o principal da noite, o Redentor de melhor longa-metragem de ficção.  "Agora é a hora e a vez de Vinícius Coimbra", disse o humorista Chico Anysio, referindo-se ao diretor do longa, ao subir no palco para receber o troféu com a equipe do filme. Chico levou o prêmio especial do júri por sua atuação como Major Consilva, maior inimigo de Matraga. Com o Troféu Redentor em mãos, o diretor Vinicius Coimbra dedicou o prêmio a todos os realizadores: “O cinema tem que abarcar a todas as ideias sem preconceito e com coragem”.

O resultado da Première Brasil do Festival do Rio 2011 foi adiantado no Twitter pelo presidente da Rio Filme, Sergio Sá Leitão, e confirmado ao UOL pela organização do evento. Às 19h, Sá Leitão havia tuitado o seguinte: "A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Vinicius Coimbra, é o grande vencedor da Premiére Brasil (Festival do Rio). A premiação começa às 21h!". Ao saber do ocorrido, os organizadores procuraram o presidente da distribuidora do município do Rio, que também patrocina o festival, e pediram para que tirasse o tuíte do ar. No que foram prontamente atendidos.

  • Divulgação

    O ator João Miguel em cena do filme "A Hora e a vez de Augusto Matraga", de Vinícius Coimbra

Uma fonte do Festival do Rio disse que Sá Leitão alegou que ficara sabendo do resultado "por meios não oficiais". "Não melhorou muito o cartaz dele com a gente", completou. "O cara estragou a festa." Aos jornalistas que cobriram a premiação, o presidente da RioFilme disse que achava que a informação fosse pública e apenas divulgou para comemorar a notícia. "Curiosamente, quem me passou a informação foi um jornalista. Assim que verifiquei, tirei o que havia publicado", declarou Sá Leitão na entrada do Cine Odeon.

‘Pouca gente acreditou no filme’
Para o diretor do longa, o resultado foi surpreendente. “Fomos pegos totalmente de surpresa porque nosso filme tem uma certa ousadia, tem uma linguagem difícil do Guimarães Rosa. Pouca gente acreditou nele, uma obra do Rosa que é dificílima, adaptada por um estreante, por uma produtora estreante e com pouco dinheiro. A gente não sabia como as pessoas iriam receber. Teve muitas críticas ruins e muitas boas, então a gente ficou na dúvida, realmente não sabíamos o que sairia daqui”, admitiu Coimbra em entrevista ao UOL após a premiação. "Ter esse esforço reconhecido é uma glória porque faz com que o filme tenha visibilidade e ganhe força para ser lançado. Era um sonho para mim realizar um filme baseado numa obra dele", contou. O longa, rodado em cinco semanas em agosto de 2009, deve chegar aos cinemas em meados de 2012.

Homenagem a Carlos Manga
A cerimônia começou por volta das 21h30 com uma homenagem ao diretor Carlos Manga. “É uma celebração à sua obra. Esse grande cineasta, autor, produtor, ator, este homem que fez 28 longas e duas mil tiras publicitárias. Fez filmes geniais, promoveu o encontro do povo brasileiro com a cultura brasileira e consagrou o nosso cinema”, disse o diretor Neville d'Almeida ao homenagear Manga. “É muito difícil, aos 84 anos, chegar aqui numa noite em que tantos novos talentos precisam vencer. Eu aconselho: continuem tentando, não há nada no mundo melhor que pegar o seu bebê, um filme, e vê-lo chorar e ser aplaudido. É uma profissão maravilhosa”.

Arrebatadora atuação de Camila Pitanga
O favoritismo de Camila Pitanga na categoria de melhor atriz confirmou-se. “O cinema para mim é a glória, eu que sou filha do cinema”, disse bastante emocionada, após receber o prêmio. Para a atriz, interpretar a ex-prostituta Lavínia em "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios", foi “cair num abismo, me lançar”. Camila dedicou o prêmio à mãe, a modelo e atriz Vera Manhaes. “Estou muito emocionada, aqui é a minha casa. Me sinto parte da família do cinema muito antes de ter nascido. Sou muito grata por ter tido a oportunidade. Estou muito honrada em receber este prêmio”, disse.

Ao elogiar a filha, Antonio Pitanga afirmou que o trabalho de Camila neste filme representa um divisor de águas na sua carreira. “Ela é hoje uma grande atriz, o filme é lindo e é uma mudança no cinema brasileiro”. “Camila nunca teve uma provação tão forte. Ela é uma pessoa consagrada na TV e que é uma grande chance para ela de ter uma visibilidade”, disse o diretor do longa Beto Brant momentos antes da premiação. A sua expectativa era justamente pelo reconhecimento do trabalho de Camila Pitanga como melhor atriz.“Ela realmente viajou para Santarém e mergulhou fundo, se preparou muito. Criou muitos vínculos com a equipe e se viu parte dessa trupe. O processo do filme foi uma criação coletiva, e Camila se entregou mesmo, com muita dedicação. É arrebatadora a atuação dela”, afirmou Beto Brant.
 
Já Karim Aïnouz, que recebeu o prêmio de melhor direção por "Abismo Prateado", dedicou-o à nova geração de realizadores para que transformem o “espaço do cinema com inovação e tesão”. Eduardo Coutinho recebeu dois prêmios por "As Canções": melhor longa-metragem documentário e melhor documentário eleito por voto popular. “Nunca recebi um prêmio por júri popular. É um filme feito basicamente com afeto. Dedico o prêmio à minha neta, já que esqueci o Dia das Crianças, e só lembrei cinco dias depois”, brincou.

Veja abaixo a lista com todos os premiados do Festival do Rio 2011:

Melhor Longa-Metragem de Ficção
"A Hora e a Vez de Augusto Matraga", de Vinícius Coimbra

Melhor Longa-Metragem Documentário
"As Canções", de Eduardo Coutinho

Melhor Curta-Metragem
"Qual queijo você quer?", de Cíntia Domit Bittar

Melhor Direção
Karim Aïnouz, por "Abismo Prateado"

Melhor Ator
João Miguel, por "A Hora e a Vez de Augusto Matraga"

Menção Honrosa
"Mãe e Filha", de Petrus Cariry

Melhor Atriz
Camila Pitanga, por "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios"

Melhor Atriz Coadjuvante
Maria Luisa Mendonça, por "Amanhã Nunca Mais"

Melhor Ator Coadjuvante
José Wilker, por "A Hora e a Vez de Augusto Matraga"

Melhor Roteiro
Odilon Rocha, de "A Novela das 8"

Melhor Montagem
Jordana Berg, por "Marcelo Yuka no Caminho das Setas"

Melhor Fotografia
Mauro Pinheiro Jr, por "Sudoeste" e Petrus Cariry, por "Mãe e Filha"

Prêmio Especial de Juri
"Sudoeste", de Eduardo Nunes
"Olhe para mim de novo", de Kiko Goifman e Claudia Priscilla
Chico Anysio

VOTO POPULAR (escolha do público):
Melhor longa de ficção
"A Hora e a Vez de Augusto Matraga", de Vinícius Coimbra
Melhor longa documentário
"As Canções", de Eduardo Coutinho
Melhor curta-metragem
"Passageiros", de Bruno Mello

Mostra NOVOS RUMOS, escolhido pelo juri composto por Clelia Bessa, Matheus Souza e Waldir Xavier
Melhor filme para "Rânia", de Roberta Marques

O juri da Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema), composto pelo presidente Klaus Eder, Joan Dupont (do International Herald Tribune / New York Times), Jeronimo Rodrigues (Noticias / NY 1 News), Roger Lerina (Jornal Zero Hora) e Susana Schild
Melhor filme latino americano para "Sudoeste", de Eduardo Nunes