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Com mau tempo, "Amarcord", de Fellini, tem sessão ao ar livre no Ibirapuera

Exibição de "Amarcord", de Fellini, na área externa do Auditório do Ibirapuera, em SP. O evento fez parte da homenagem da Mostra de São Paulo ao centenário do compositor Nino Rota - Willians Valente/UOL
Exibição de "Amarcord", de Fellini, na área externa do Auditório do Ibirapuera, em SP. O evento fez parte da homenagem da Mostra de São Paulo ao centenário do compositor Nino Rota Imagem: Willians Valente/UOL

NATALIA ENGLER

Do UOL, em São Paulo

31/10/2011 00h55

A chuva e o mau tempo atrapalharam um pouco, mas não desanimaram quem tinha se programado para assistir à exibição ao ar livre de “Amarcord”, de Federico Fellini, na área externa do Auditório Ibirapuera, na noite deste domingo (30). A sessão faz parte da homenagem da Mostra de São Paulo ao centenário do compositor italiano Nino Rota, responsável pela trilha sonora de muitos dos filmes de Fellini.

Quando a chuva deu uma trégua, grupos de amigos e casais foram se reunindo e estendendo suas toalhas no gramado para assistir à apresentação da banda formada por alunos e ex-alunos da escola de música do Auditório, que abriu a programação da noite com um repertório de música brasileira instrumental.

O grupo formado pelos amigos Ana Gelinskas, 32, Mario Surcan, 27, e Ricardo Zardo, 29, aproveitava o show para fazer um piquenique. “A gente adora Fellini. Moramos aqui do lado do parque e resolvemos fazer uma farofa”, disse Ana. “Eu amo muito Fellini e fiz questão de a gente vir, mesmo com a chuva”, disse Mario, que é estudante de cinema e tem uma tatuagem em homenagem ao cineasta italiano. “Rolou uma chantagem pra gente vir”, brincou Ana.

A vendedora Rosana Guiti, 47, não está acompanhando a programação da Mostra, mas se programou para assistir a sessão de “Amarcord” e não desistiu, apesar da chuva. “Eu adoro Fellini e gosto muito desses programas aqui no parque. Eu vim no ‘Metrópolis’ no ano passado e foi maravilhoso. Estava uma noite lindíssima. É programa de primeiro mundo. Já estava programadíssima para vir. Até voltei antes da praia”.

O casal de estudantes de design Amanda Coelho, 20, e Jeferson Paz, 20, chegaram ainda debaixo de chuva. “Eu gosto muito de cinema, mas nunca vi nenhum filme do Fellini. Estava curiosa para ver esse”, disse Amanda.

As estudantes de cinema Rita Catunda, 21, e Teresa Andrade, 25, estavam preparadas para o mau tempo: sacos de lixo para forrar o chão e capas de chuva para não se molharem. “A gente estava se programando para ver esse filme desde o ano passado”, contou Rita. “Viemos no ‘Metrópolis’ e foi demais. Não podíamos perder”, completou Teresa.

A organização também distribuiu aos presentes capas de chuvas, que se fizeram necessárias mais tarde, quando voltou a cair uma garoa fina. A chuva espantou algumas pessoas, mas a maior parte dos espectadores continuou a assistir o filme até o fim.

Presença ilustre

  • Mario Miranda/Agência Foto

    O cineasta canadense Atom Egoyan durante entrevista coletiva do júri da Mostra de São Paulo 2011, no Frei Caneca Unibanco Arteplex (29/10/11)

Entre os espectadores de “Amarcord” estava o cineasta canadense Atom Egoyan, integrante do júri da Mostra de São Paulo 2011 e homenageado deste ano do Prêmio Humanidade Leon Cakoff.

“Desde o momento em que eu soube que haveria esta exibição planejei vir. Estou muito animado. É um filme que teve um efeito muito grande sobre mim quando eu era criança e agora vou assisti-lo nesse parque maravilhoso. Eu acho que o cinema vive para ser exibido em lugares incomuns. E acho que o próprio cinema está se tornando cada vez mais incomum”, disse Egoyan.

O cineasta, que recentemente realizou uma instalação inspirada no filme “8 ½” para a abertura da Cinemateca de Toronto, contou que Fellini é uma de suas grandes influências, ao lado de Robert Bresson, Michelangelo Antonioni e Ingmar Bergman, e disse não se incomodar com o mau tempo.

 “É interessante ver esse filme em uma noite chuvosa, porque é um filme sobre um lugar mediterrâneo ensolarado e quente. Adoro esse contraste. Estou ainda mais animado de assisti-lo nesse clima”.

No Brasil pela primeira vez, Egoyan disse estar bastante impressionado com São Paulo. “Estou passando dias ótimos. Estou tendo tempo para descobrir esses museus maravilhosos, os privados e os públicos. Tem sido uma experiência maravilhosa. O problema é que, nós, estrangeiros, temos uma ideia muito forte sobre o Rio, mas não entendemos a importância cultural de São Paulo. Sabemos que é muito grande, mas quando chegamos aqui, entendemos que é a alma cultural do Brasil”.