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Diretor de documentários da família Schurmann embarca em ficção ao estilo "Bruxa de Blair"

Cena do filme "Desaparecidos", de David Schurmann - Reprodução
Cena do filme "Desaparecidos", de David Schurmann Imagem: Reprodução

ANA OKADA

Da Redação

18/11/2011 09h58

Depois de filmar documentários sobre sua família, David Schurmann lançará este ano seu primeiro filme de ficção, "Desaparecidos". Ironicamente, o longa é um "mockumentary": ficção rodada em formato de documentário que parece ser baseada em fatos reais, tal como o norte-americano "A Bruxa de Blair". No longa brasileiro, seis jovens vão a uma festa vip numa ilha, onde cada um tem que filmar todos os momentos com uma câmera. Eles desaparecem e as autoridades só encontram as câmeras --a única chave para descobrir o que aconteceu com eles.
 
A ideia surgiu a partir de discussões sobre "transmídia" (transporte da informação para meios diversos) ocorridas em Cannes e logo depois do episódio do "Cala boca, Galvão". O diretor diz que teve que explicar a colegas estrangeiros o significado da suposta campanha --em que era dito que Galvão Bueno era um pássaro em extinção--, e que se surpreendeu que muitas pessoas tenham acreditado na brincadeira sem questioná-la. "Venho de uma geração em que as pessoas se questionavam. Hoje em dia, acham que tudo o que está na internet é verdade. Queria fazer um filme que instigasse as pessoas a se perguntarem: 'Será que isso é de verdade?'", diz.

Trailer de "Desaparecidos"

O longa começou há um ano, quando David criou perfis no Facebook para cada um dos personagens. A ideia era fazer com que esses jovens tivessem amigos reais, que houvesse rumores de uma festa e que esses jovens "desaparecessem" do site, posteriormente. Os perfis tornaram-se tão reais que um dos personagens virou até assunto em uma colação de grau de uma faculdade, conta Schurmann. "Esses formandos tinham um personagem como amigo em comum no Facebook, mas não se lembravam de onde o conheciam. Eles perguntaram para ele, no site, e ele explicou que os conheceu em algumas 'baladas', mas que depois ficou um tempo fora." Aparentemente, os amigos reais acreditaram no "colega virtual".
 
Com os perfis no Facebook, vídeos no youtube e informações postadas em diversos sites, o diretor procurou montar uma espécie de "lenda urbana" do filme antes de seu lançamento.
 
Igual, mas diferente
 
Diferente de "A Bruxa de Blair", em que uma câmera é encontrada e é possível ver somente parte do que aconteceu com os jovens desaparecidos numa floresta, "Desaparecidos" revela quem ou o que está perseguindo os protagonistas. Segundo o diretor as histórias, apesar de seguirem o mesmo gênero, são bem diferentes: "O nosso é mais visceral, o medo que você passa é real, te incomoda. Digo isso por testes que fizemos com nosso público-alvo, e a reação foi fantástica", diz. O alvo do longa é sobretudo o público jovem, de 14 a 20 anos.
 
O filme flerta tanto com o gênero "mockumentary" quanto com o terror, dois tipos de longas pouco explorados no país. Para o diretor, no entanto, isso não foi um problema, assim como não foi problema seu baixo orçamento: ele gastou apenas R$ 55 mil para fazer as filmagens, que duraram 15 dias em Ilhabela, São Paulo.
 
"Essa foi uma oportunidade única. Acho que o pessoal tem medo de ousar no cinema. Se o filme tivesse ficado tosco, talvez eu tivesse algum receio de lançá-lo, mas ficou bom. Até agora, só tinhamos um cineasta de terror, o Zé do Caixão, que tem um lado mais cult. Nada contra isso, mas eu quero atingir também o público que vai ver o 'Atividade Paranormal', o 'Transformers'. Quero andar entre o caminho dos filmes de arte e os blockbusters."
 
"Desaparecidos" tem estreia nacional prevista para o dia 9 de dezembro.