"Era Natal o ano inteiro para mim", diz animador brasileiro sobre o trabalho em "Operação Presente"

Desde criança, Claudio de Oliveira sonhava em trabalhar com animação. Depois de crescer em São Paulo, o jovem foi atrás dos seus sonhos nos Estados Unidos, onde se formou em uma universidade de Santa Monica, na Califórnia, e acabou trabalhando em diversos estúdios. Ele se envolveu em grandes produções como “Watchmen” e “Tá Chovendo Hambúrguer”.

Seu trabalho mais recente foi como animador em “Operação Presente”, filme que estreia no Brasil nesta sexta-feira (2). O longa conta a história de Arthur, o filho do Papai Noel, que vence seus medos para entregar um presente esquecido e salvar o Natal.

Claudio conversou por telefone com o UOL Entretenimento e falou sobre a experiência de trabalhar na animação da Aardman Animations, estúdio responsável por produções de sucesso como “Por Água Abaixo” e “Wallace & Gromit”.

UOL - Qual o maior desafio para a equipe de animação em “Operação Presente”?
Claudio de Oliveira – Esse filme foge um pouco do que os animadores esperam. Sempre nos preocupamos com os pelos dos animais, com movimentação de água, mas nesse caso a dinâmica entre os personagens foi a parte mais difícil. Em algumas cenas, havia uma grande quantidade de personagens, milhares de elfos trabalhando na missão de entregar os presentes. Isso foi o que mais deu trabalho.

UOL – O que você gostou mais de fazer no filme?
Claudio de Oliveira – Como animador, foi muito bom conseguir mostrar o que os personagens estão pensando, vê-los tomar decisões. O humor do filme é mais britânico do que estamos acostumados aqui nos Estados Unidos, então a interação e as emoções dos personagens são muito importantes para a história.

UOL – Enquanto trabalhava em “Operação Presente” você sempre esteve envolvido com elfos e a família do Papai Noel. Como é estar em espírito natalino o ano inteiro?
Claudio de Oliveira – Foi legal. Eu trabalhava na mesma sala com outros animadores, mas eles estavam em outros projetos. Eu comentava com eles que era Natal o ano todo naquela sala, porque eu tinha alguns objetos natalinos (uma árvore enfeitada, algumas luzes) na minha mesa que serviam de inspiração para o trabalho.

UOL – Como foi trabalhar com a produtora Aardman?
Claudio de Oliveira – Eu achei excelente ter a chance de entrar nesse filme porque a Aardman tem projetos muito ricos e um longo histórico com produções em stop-motion, como “Wallace & Gromit”. Tinha uma equipe na sede lá na Inglaterra que conversava conosco frequentemente para dar andamento ao trabalho. Assim o processo fica mais dinâmico do que com todo mundo no mesmo local. E é bom fazer parte da história da Aardman e poder colocar o nome deles no meu currículo.

UOL – Você tem alguma experiência em animação em filmes com atores de carne e osso. Qual a diferença desses dois tipos de trabalho?
Claudio de Oliveira – Pessoalmente eu prefiro os projetos que são totalmente animados. Eu sinto que há um pouco menos de sensibilidade em ação ao vivo. Você tem mais controle quando está trabalhando em animação, pode mudar o posicionamento das câmeras, acertar a iluminação com mais liberdade. O animador não precisa se adaptar a algo feito previamente. Por outro lado, o resultado final depende muito mais da competência do animador, o que aumenta a responsabilidade. Mesmo assim, eu prefiro trabalhar com animações e ver todo um mundo ser criado a partir do nada, onde tudo começa a partir da imaginação dos artistas.

UOL – Você tem algum projeto para o futuro que possa adiantar?
Claudio de Oliveira – Eu saí da Sony agora e voltei para a Disney. Aqui eu já tinha trabalhado no “Enrolados”. Atualmente estou trabalhando em um filme baseado em personagens de videogame, mas não posso adiantar muita coisa. Tem muitas outras coisas legais rolando por aqui, mas não posso falar sobre elas por enquanto.